Roda de Leitura Menina Bonita do Laço de Fita

Roda de Leitura Menina Bonita do Laço de Fita: Trabalhar as questões étnicas raciais com crianças pequenas e com os adolescentes podem trazer resultados positivos, uma vez que eles passam a considerar as diferenças.

Roda de Leitura Menina Bonita do Laço de Fita

SÍNTESE:

O coelhinho branco quer ter uma filha pretinha como aquela menina do laço de fita. Mas ele não sabe como a menina herdou aquela cor.

IDEOLOGIA:

É importante sabermos que temos nossas diferenças e que muitas vezes herdamos  de nossos familiares.

OBJETIVOS:

  • Esclarecer aos ouvintes que todos têm em sua origem uma história e que ninguém é igual a ninguém;
  • Promover a discussão sobre a menina, valores humanos e da diversidade étnica e cultural, da beleza negra e sua identidade;
  • Levar a criança a perceber que suas herança, desde  a cor do seu cabelo até a cor de sua pele são herdadas muitas vezes de seus familiares.

JUSTIFICATIVA:

Trabalhar as questões étnicas raciais com crianças pequenas e com os adolescentes podem trazer resultados positivos, uma vez que eles passam a considerar as diferenças. A literatura infantil “Menina bonita do laço de fita” um clássico de Ana Maria Machado, é a forma de trabalhar tais questões, pela forma sutil e prazerosa que a autora trata a beleza negra, com muita delicadeza, com simplicidade, usando uma linguagem suave que encanta a criança, porém forte, permitindo, portanto, aos professores junto às crianças refletir sobre as questões raciais, afetivas, familiares e as diferenças de cor.

BIOGRAFIA DA AUTORA

Na vida da escritora Ana Maria Machado, os números são sempre generosos. São 40 anos de carreira, mais de 100 livros publicados no Brasil e em mais de 18 países somando mais de dezoito milhões de exemplares vendidos. Os prêmios conquistados ao longo da carreira de escritora também são muitos, tantos que ela já perdeu a conta. Tudo impressiona na vida dessa carioca nascida em Santa Tereza, em pleno dia 24 de dezembro.

Vivendo atualmente no Rio de Janeiro, Ana começou a carreira como pintora. Estudou no Museu de Arte Moderna e fez exposições individuais e coletivas, enquanto fazia faculdade de Letras na Universidade Federal (depois de desistir do curso de Geografia). O objetivo era ser pintora mesmo, mas depois de doze anos às voltas com tintas e telas, resolveu que era hora de parar. Optou por privilegiar as palavras, apesar de continuar pintando até hoje.

Afastada profissionalmente da pintura, Ana passou a trabalhar como professora em colégios e faculdades, escreveu artigos para revistas e traduziu textos. Já tinha começado a ditadura, e ela resistia participando de reuniões e manifestações. No final do ano de 1969, depois de ser presa e ter diversos amigos também detidos, Ana deixou o Brasil e partiu para o exílio. A situação política se mostrou insustentável.
Na bagagem para a Europa, levava cópias de algumas histórias infantis que estava escrevendo, a convite da revista Recreio. Lutando para sobreviver com seu filho Rodrigo ainda pequeno, trabalhou como jornalista na revista Elle em Paris e na BBC de Londres, além de se tornar professora na Sorbonne. Nesse período, ela consegue participar de um seleto grupo de estudantes cujo mestre era Roland Barthes, e termina sua tese de doutorado em Linguística e Semiologia sob a sua orientação. A tese resultou no livro “Recado do Nome”, que trata da obra de Guimarães Rosa. Mesmo ocupada, Ana não parou de escrever as histórias infantis que vendia para a Editora Abril.

A volta ao Brasil veio no final de 1972, quando começou a trabalhar no Jornal do Brasil e na Rádio JB – ela foi chefe do setor de Radiojornalismo dessa rádio durante sete anos. Em 76, as histórias antes publicadas em revstas passaram a sair em livros. E Ana ganhou o prêmio João de Barro por ter escrito o livro “História Meio ao Contrário”, em 1977. O sucesso foi imenso, gerando muitos livros e prêmios em seguida. Dois anos depois, ela abriu a Livraria Malasartes com a idéia de ser um espaço para as crianças poderem ler e encontrar bons livros.

O jornalismo foi abandonado no ano de 1980, para que a partir de então Ana pudesse se dedicar ao que mais gosta: escrever seus livros, tantos os voltados para adultos como os infantis. E assim foi feito, e com tamanho sucesso que em 1993 ela se tornou hors-concours dos prêmios da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ). Finalmente, a coroação. Em 2000, Ana ganhou o prêmio Hans Christian Andersen, considerado o prêmio Nobel da literatura infantil mundial. E em 2001, a Academia Brasileira de Letras lhe deu o maior prêmio literário nacional, o Machado de Assis, pelo conjunto da obra.

Em 2003, Ana Maria foi eleita para ocupar a cadeira número 1 da Academia Brasileira de Letras, substituindo o Dr. Evandro Lins e Silva. Pela primeira vez, um autor com uma obra significativa para o público infantil havia sido escolhido para a Academia. A posse aconteceu no dia 29 de agosto de 2003, quando Ana foi recebida pelo acadêmico Tarcísio Padilha e fez uma linda e afetuosa homenagem ao seu antecessor.

SENSIBILIZAÇÃO

Dinâmica das flores:

leve flores de diferentes cores e formas para a classe e deixe que cada aluno escolha uma. Depois, pergunte o que chamou a atenção deles para escolher aquela flor. Peça-lhes que percebam as diferentes cores, o perfume, a textura, as diferentes formas… Chame sua atenção para o fato de as flores serem diferentes e nem por isso menos belas e apreciadas. Depois, peça que olhem uns para os outros. Assim como as flores, cada um é diferente, mas não menos importante. Muitas coisas variam: cor e tipo de cabelo, formato e cor dos olhos, tamanho do nariz, altura, cor da pele, etc.

Dinâmica das cores:

leve um aparelho de som para a classe e coloque uma música suave. Espalhe vários lápis ou gizes de cera de várias cores sobre a mesa e peça para as crianças escolherem a cor que mais lhes agrada. Haverá cores iguais e cores diferentes. Converse com elas sobre como seria o mundo se tudo fosse de uma só cor… azul, por exemplo; e se tudo fosse amarelo? Ou vermelho? Será que elas comeriam uma banana azul? Ou um morango cinza? Sim? Não? Por quê?

Você pode perguntar se é bom haver cores diferentes e por quê.

Depois, peça que olhem uns para os outros. Assim como as cores, cada um é diferente. Muitas coisas variam: cor e tipo de cabelo, formato e cor dos olhos, tamanho do nariz, altura, cor da pele… Pergunte que cor de lápis ou giz é mais parecido com a cor da pele de cada um. (Caso algum aluno diga que sua cor é “feia”, procure fazê-lo se sentir valorizado, por meio das atividades sugeridas a seguir. Esse momento será propício para melhorar a auto-estima dessa criança.)

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PROMOVER A DISCUSSÃO SOBRE A MENINA, VALORES HUMANOS E DA DIVERSIDADE ÉTNICA E CULTURAL, DA BELEZA NEGRA E IDENTIDADE.

Nesta discussão, o professor pode e deve abordar questões quanto à valorização do ser como um todo, ajudando os alunos na reflexão quanto às semelhanças e diferenças étnicas, culturais e sociais, e buscar na cultura afro-brasileira e na população outros tipos de beleza, diferentes dos padrões considerados normais e ditados pela mídia.

O trecho aqui selecionado pode ser um excelente disparador para a discussão, uma vez que aborda aspectos da negritude da menina de forma positiva, ao contrário do que normalmente se encontra ou se escuta. Aqui se pode abordar temas referentes não só ao tom da pele, mas também, em relação ao uso do cabelo, aos penteados, às técnicas usadas para a sua modificação, para seu alisamento. Esta deve ser uma reflexão que colabore para a construção de uma nova identidade negra no Brasil, além de dar a oportunidade às crianças de discutirem e conhecerem diferentes opiniões e tirarem suas próprias conclusões sobre o tema.

A autora trata da questão racial de forma sutil, compara a menina com as princesas africanas, o que pode ser mais um assunto explorado em sala, partindo desta leitura para outras, de contos africanos, por exemplo, com toda a sua mitologia e respeito às coisas da natureza.

O uso desta história pode ser o ponto de partida para um projeto mais amplo, em que se descubram coisas sobre os países da África, a vida, a diversidade, os laços afetivos, familiares e religiosos. Em um dos trechos da história, fica explícita a emoção do coelho branco, apaixonado pela linda menina. Este deseja descobrir como fazer para ficar negro também e ter um filho tão pretinho como ela. O coelho tem uma questão a resolver e vai descobrindo que, para realizar seu desejo será preciso se casar com uma coelha escura como a noite.

Outra atividade interessante é produzir uma releitura de tais imagens, da própria ilustração do livro ou de obras de artistas como Di Cavalcanti, Debret e Tarsila do Amaral, que retrataram o povo brasileiro e sua negritude.

Texto publicado no jornal Bolando Aula, apoio didático aos professores das séries iniciais do ensino fundamental, ano 11,  nº 80, julho de 2007, p. 8. Gruhbas Projetos Educacionais e Culturais, Santos, 2007.

OUTRAS IDEIAS PARA TRABALHAR a Roda de Leitura Menina Bonita do Laço de Fita

TROCAR IDEIAS, DEBATER E DISCUTIR PARA CHEGAR A UMA MUDANÇA DE ATITUDE!

Com quem a gente se parece?

Todas as pessoas são iguais?

MOSTRAR A CAPA DO LIVRO “MENINA BONITA DO LAÇO DE FITA” E PERGUNTAR:

  • Quem será essa menina?
  • Como ela é?
  • Quais as suas características?
  • Como ela parece estar se sentindo?

LEITURA MENINA BONITA DO LAÇO DE FITA


Roda de Leitura Menina Bonita do Laço de Fita

TRABALHAR ORALMENTE AS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DA MENINA, ASSOCIANDO ÀS COMPARAÇÕES DO TEXTO.

  • Em seguida, realizar a interpretação do livro:
  • Qual era a cor da pele da menina? Parecia com o que? Quem se lembra?
  • E o seu cabelo? O que sua mãe fazia nele?
  • Seus olhos se pareciam com o que?
  • Como era o coelho?
  • O que ele descobriu?
  • Qual a conclusão que o coelho chegou sobre a cor da pele da menina?
  • Por que os filhotes do coelho nasceram um de cada cor?
  • Deixar claro que cada um de nós tem suas características, oriundas de sua família. Sendo assim, somos únicos, diferentes, e isso torna cada um de nós especial.

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[…]Era uma vez uma menina linda, linda.

Os olhos dela pareciam duas azeitonas
pretas, daqueles bem brilhantes.

Os cabelos eram enroladinhos e bem 
negros, feito fiapos da noite. A pele era 
escura e lustrosa, que nem o pelo da
pantera negra quando pula na chuva. (…)

BOTE A BOCA NO TROMBONE

“Você já sofreu algum tipo de discriminação? Conte como foi”.

“Se todos fossem iguais e gostassem das mesmas coisas, o livro ficaria interessante?” “Como seria o mundo se todos fossem iguais?”.

Qual a ascendência de cada um?

As pessoas deveriam ser todas iguais? Por quê?

Como posso colaborar para a construção de uma sociedade igualitária e que respeite as diferenças?