A inteligência emocional no processo educacional

A inteligência emocional no processo educacional – Artigo enviado pelo nosso parceiro “Professor Marcos L Souza – Pedagogo – Psicopedagogo – Educador.

A inteligência emocional no processo educacional

A afetividade ligado estímulo em querer, é primordial no processo de aprendizagem (Asensio, 2006). Segundo Damásio (s/d cit. por Vitória, 2006), a falta de ligação entre o desenvolvimento cognitivo e a emoção poderá ter consequências inquietantes nas gerações futuras. Acrescenta, ainda o autor que a aptidão cognitiva das novas gerações tem-se desenvolvido muito mais rapidamente do que as suas capacidades emocionais.

É importante que a criança desenvolva a sua inteligência emocional, isto é, a capacidade (Mayer e Salovey, s/d cit. por Sluyter & Salovey, 1999: 17) “ (…) de perceber emoções, ter acesso a emoções e gerá-las, de modo a ajudar o pensamento a compreender as emoções e o conhecimento emocional e a controlar as emoções de maneira reflexiva, para promover o crescimento emocional e intelectual”.

Os alunos necessitam de estar aptos a lidar com as emoções, nomeadamente, é importante que aprendam a reagir às frustrações, a negociar com outros, a reconhecer as próprias angústias e medos, etc. Compete à escola e à família desenvolver uma educação onde o cognitivo não esteja separado do emocional, pois como refere Vitória (2006: 8) “ (…) ambos fazem parte dos seres humanos”.

A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NA EDUCAÇÃO EMOCIONAL

A família é o primeiro contexto social onde a criança se insere, e onde começa a construção da sua identidade pessoal. Como salienta Correia (1997: 145) “A família constitui o alicerce da sociedade e assim, é um dos principais contextos de desenvolvimento da criança, e apesar da existência de debate em torno do papel atual da família e da sua composição ela permanece como elemento chave na vida e desenvolvimento da criança”.

A inteligência emocional no processo educacional
A inteligência emocional no processo educacional

Muller-Lissner, (2001: 76) salienta que “Não se deve separar artificialmente aquilo que constitui uma unidade: as crianças aprendem com o seu pai e a sua mãe a língua materna. Elas também deveriam aprender com eles como se deve dialogar com o outro, como se devem manifestar as emoções, como resolver conflitos, como se reconciliar”.

Apesar de se concordar com o autor, existe consciência de que a família não consegue dar resposta a todas as dificuldades de uma criança, mas a escola também não o consegue fazer isoladamente, sendo de extrema importância a colaboração entre estas duas “instituições” para ajudar a criança.

Gottman & DeClaire (2000) referem que os pais assumem um papel muito importante no ensino de lições básicas emocionais e sociais. No entanto, e devido ao estilo de vida atual, os pais não têm tempo para o fazer, ou não o querem fazer, por considerarem pouco relevante, porque não sabem ou, porque entendem que se trata de uma competência do professor.

A ORIENTAÇÃO EMOCIONAL

Gottman & DeClaire (2009) fazem referência ao processo de orientação emocional que envolve cinco passos fundamentais:

  • Consciencialização da emoção da criança

A compreensão da emoção do outro requer a compreensão da própria emoção. Ser (Gottman & DeClaire, 1997: 80) “(…) emocionalmente consciente simplesmente significa a capacidade de reconhecer e identificar as próprias emoções e os próprios sentimentos e perceber as emoções do outro”. Nem sempre se mostra fácil compreender o que se passa com a criança, pois, esta, muitas vezes expressa a sua emoção de forma indireta, o que exige que o adulto se tente colocar no lugar dela, para ver o mundo através da sua perspetiva.

  • Reconhecimento dessa emoção como uma oportunidade para a intimidade e aprendizagem

As emoções não desaparecem com o passar do tempo, mas apenas quando a criança pode falar delas, atribuir-lhes um significado e quando sente que os outros as compreendem. É preciso permitir à criança falar sobre o que a perturba, para que se encontre uma solução quando ainda são problemas menores.

  • Escutar com empatia e validar os sentimentos da criança

Ouvir vai para além de reunir dados através da audição (Gottman & DeClaire, 1997), pois implica ser capaz de manter uma atitude de disponibilidade para receber a mensagem do outro e tentar compreendê-la. O aumento da capacidade de ouvir os outros permite estimular e melhorar o relacionamento interpessoal e consequentemente a comunicação no seio dos grupos.

  • Ajudar a criança a encontrar as palavras certas para classificar a emoção que está a sentir

A criança tem de ser capaz de nomear as emoções, de lhes atribuir uma classificação, uma vez que as ajuda a transformar algo casualmente aterrador em algo definível, que faz parte do quotidiano. Alguns estudos revelam que a capacidade de rotular emoções tem um efeito calmante no sistema nervoso (Gottman & DeClaire, 1997). Assim, é importante ajudar a criança nesta tarefa, mas sem lhe dizer como é que ela se deve sentir.

  • Estabelecer limites enquanto procuram definir estratégias para a resolução do problema.

O último passo da orientação emocional corresponde ao processo de resolução de problemas. É necessário ensinar a criança a resolver problemas de um modo simples e eficaz, para depois, ela ser capaz de o fazer sozinha.

Gottman & DeClaire (1997), defendem um processo de resolução de problemas composto por cinco passos fundamentais: (1) impor limites; (2) identificar objetivos; (3) procurar possíveis soluções; (4) avaliar as soluções encontradas; (5) escolher a solução.

Como refere Goleman (1996, cit. por Branco, 2004: 24) ”(…) as pessoas emocionalmente competentes apresentam na prática uma relação consigo e com os outros, francamente mais positiva do que aqueles que apresentam sinais de iliteracia emocional”.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  • Salovey, P. & Mayer, J.D.(1990). Emotional intelligence. Imagination, Cognition and Personality, 9, 185-211.
  • Santos, L. C. e Marturano, E. M. (1999). Crianças com dificuldade de  aprendizagem: um estudo de seguimento. Psicologia Reflexão e Crítica, v. 12, n. 2, pp.377-394.
  • Santos S. & Morato. P. (2002). Comportamento Adaptativo. In Correia, L. (coord.) Colecção Educação Especial, n.º 8. Porto Editora
  • Sluyter, D. & Salovey, P. (1999). Inteligência Emocional da Criança: Aplicações na Educação e no dia-a-dia. Rio de Janeiro: Editora Campus.
  • Smith, C. & Strick, L. (2001). Dificuldades de Aprendizagem de A a Z – Um guia completo para pais e educadores. Porto Alegre: Artmed Editora.
  • Sprinthall, N. & Sprinthall, R. (1993). Psicologia educacional – uma abordagem desenvolvimentista. Amadora: McGraw-Hill

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