A Importância Das Interações Na Educação Infantil

A Importância Das Interações Na Educação Infantil
A Importância Das Interações Na Educação Infantil
RESUMO: Este trabalho é a parte final do curso de Pós-Graduação Lato Sensu Em Educação Infantil, abordará uma análise sobre o tema: a interação das crianças de diferentes idades na Educação Infantil, também contém a descrição de um plano de ação realizado na EMEI Bem Me Quer, de Santa Cruz do Sul, com crianças de 3, 4 e 5 anos, onde buscou-se pôr em pratica essa nova visão de educação infantil, na qual  crianças de diferentes idades participam de momentos de aprendizagens e troca de saberes em um mesmo ambiente escolar, com o objetivo de analisar a possível mudança na visão de divisão de turmas por idades, algo tão tradicional nas escolas brasileiras.
PALAVRAS CHAVE: educação infantil; teoria sócio-interacionista, agrupamento.
INTRODUÇÃO:
A Educação Infantil é uma das etapas mais importantes no desenvolvimento da criança, nesta fase ela desenvolve a parte cognitiva e psicológica, obtendo vivências que irão marcá-la por toda sua vida. A interação com o próximo é fator relevante para um bom desenvolvimento, seja ela com um adulto, com crianças da mesma faixa etária e por que não com crianças de idades diferentes?
Muitas escolas pelo Brasil já estão usando esse novo método de agrupar crianças de idades diferentes em um mesmo ambiente escolar, não só em momentos no pátio ou praça, mas em momentos e espaços em sala de aula, e isto só vem a acrescentar saberes e experiências positivas para elas.
Segundo Cristiane Marangon (2003) da Revista Nova escola:
A troca de experiências em sala é uma rica fonte de aprendizado. Na Educação Infantil, essa prática pode se tornar ainda mais produtiva quando há o convívio entre turmas de idades diferentes. Apesar de nas creches e pré-escolas as crianças serem agrupadas por faixa etária, não é difícil organizar momentos de convivência entre os mais velhos e os novinhos. Nesse tipo de parceria, há avanços para todos. (MARANGON, 2003, p 1)
Mas inicialmente faz-se necessário observar o espaço escolar, se nele será possível possibilitar momentos de convívio harmonioso entre as crianças, há de se pensar em propostas que desafiem as crianças a avançar no seu desenvolvimento.
Nesses momentos de aprendizagem e troca de saberes as crianças só tem a ganhar. Vygotsky (2007) em seus estudos provou que a interação entre indivíduos é o que possibilita o desenvolvimento significativo na pessoa. Se uma criança não é estimulada a falar, sua fala não será desenvolvida, e como fazer isso? Através da interação social.
Mas nada deve ser feito assim, sem nenhum objetivo, é possível trabalhar com crianças de diversas faixas etárias, acreditando-se no potencial delas contribuindo para uma educação de qualidade.
A primeira parte do trabalho faz uma viagem a origem da Educação Infantil no Brasil, como surgiram as primeiras escolas, o longo caminho que ela percorreu até ser reconhecida como etapa da educação básica e ser valorizada, deixando de ser uma instituição assistencialista e passando a ser valorizada, com leis que a definem e protegem.
O texto segue e algumas teorias do desenvolvimento humano serão citadas, todas com base na relação entre o social e o desenvolvimento humano, a importância das relações sociais no contexto educacional. Vygotsky, Piaget e Montessori, grandes nomes no cenário educacional, que com seus estudos embasaram muitas metodologias utilizadas nas escolas.
A parte final nos traz um plano de ação, baseado neste estudo e aplicado pela autora em uma escola de educação infantil do município de Santa Cruz do Sul, com crianças de 3, 4 e 5 anos, que fazem parte do primeiro agrupamento descrito por Montessori em seus estudos, assim como resumo das atividades desenvolvidas e fotos dos momentos descritos. Por fim, segue a conclusão do trabalho e sua bibliografia.
DESENVOLVIMENTO
História da Educação Infantil
A preocupação com Educação Infantil é algo recente na história do Brasil, inicialmente as escolas, chamadas de creches, surgiram como forma de assistencialismo e só após a Constituição de 1988 começaram a ser pensadas como algo essencial e que deveria ser organizado para melhor atender as crianças.
Em seu texto que trata sobre a educação infantil no Brasil, MARAFON comenta que:
O atendimento às crianças de 0 a 6 anos apareceu no Brasil no final do século XIX, pois antes deste período, o atendimento de crianças pequenas longe da mãe em instituições como creches praticamente não existiam. Na zona rural, onde vivia a maior parte da população, as famílias de fazendeiros assumiam o cuidado das crianças abandonadas, geralmente fruto da exploração sexual da mulher negra e índia, pelo senhor branco. Na área urbana, bebês abandonados, por vezes filhos de moças pertencentes a famílias de prestígio social, eram recolhidos na roda dos expostos (MARAFON, s/d. p. 4-5)1.
As creches só se popularizaram no Brasil em meados dos anos 70, as mulheres estavam adentrando no mercado de trabalho e a necessidade de se encontrar um local próprio e seguro para as crianças estava aumentando, até então o que existiam eram os chamados: Jardim de infância, que atendiam crianças de 4 a 5 anos, creches mantidas por empresas para suas funcionárias e muitas crianças ainda eram cuidadas em casas ou locais impróprios e com baixas condições de qualidade. 
As preocupações com as condições em que a educação infantil era oferecida as crianças começou a ter maior atenção com a entrada definitiva da mulher no mercado de trabalho.
As creches tomaram um caráter assistencialista e passaram a ser oferecidas pelo estado e melhores organizadas, através do surgimento de políticas públicas voltadas para as crianças de 0 a 6 anos.
O artigo 205 da Constituição de 1988 fala sobre o dever do estado e da família com a educação: “ A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. ” O artigo 208 da mesma, trata da garantia a educação de 0 a 5 anos.
Já em 1990 surgiu o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), nele a criança passa a ser vista como sujeito de direitos e deveres que devem ser respeitados e garantidos. Sobre isso Ferreira (2000, p. 184) diz que o ECA:    
Inseriu as crianças e adolescentes no mundo dos direitos humanos. O ECA estabeleceu um sistema de elaboração e fiscalização de políticas públicas voltadas para a infância, tentando com isso impedir desmandos, desvios de verbas e violações dos direitos das crianças. Serviu ainda como base para a construção de uma nova forma de olhar a criança: uma criança com direito de ser criança. Direito ao afeto, direito de brincar, direito de querer, direito de não querer, direito de conhecer, direito de sonhar. Isso quer dizer que são atores do próprio desenvolvimento (FERREIRA, 2000, p 184).
Foi em 1996, com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação que a Educação Infantil passou a ser considerada a primeira etapa da educação básica com a finalidade de desenvolver integralmente a criança de 0 a 6 anos, em aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade.  
A educação infantil passou a ter políticas públicas próprias e foram criadas diversas leis e estudos voltados a oferecer uma educação de qualidade para as crianças do Brasil.  As creches passaram a ser chamadas de escolas e a Educação Infantil finalmente garantiu um lugar de destaque no meio educacional.
Apesar dessas leis e do valor positivo da Educação infantil no Brasil ser tardio, o estudo sobre a infância não é. Há muito tempo várias teorias do desenvolvimento surgiram, grandes pensadores de educação focados no desenvolvimento infantil apresentaram suas teorias que influenciam até hoje o trabalho em escolas de Educação Infantil.
Um aspecto muito importante observado por esses pensadores é a influência, positiva ou não, que o meio social em que a criança está inserida possui.
No livro Pedagogia (s) da Infância (Oliveira-Formosinho, 2007, Kishimoto, 2007, Pinazza, 2007) as autoras comentam sobre vários teóricos que abordam o assunto, dentre eles Montessori, que defende essa troca de saberes em seus escritos. Partindo disso, muitas escolas estão se voltando a essa nova forma de planejamento de turmas, diversos pensadores concordam com essa ideia e ainda acrescentam que esse tipo de interação produz um bom desenvolvimento infantil.
A questão da importância das interações sociais entre crianças x adultos, crianças x crianças da mesma idade e de idades diferentes já foi tratada inclusive nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (BRASIL, 2009), onde a criança é vista “como sujeito histórico e de direitos” que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura.
Segundo este documento, as escolas devem organizar espaços, tempos e materiais reconhecendo as especificidades etárias, singularidades individuais e coletivas das crianças, promovendo interações entre crianças de mesma idade e crianças de diferentes idades, tudo isso visando uma educação de qualidade para as crianças.
Uma educação feita pensando diretamente nas crianças e suas necessidades é a base de um ensino de qualidade. Diversas escolas pelo país estão se baseando nessa forma de dividir e planejar as turmas, como é o caso da Creche Central da Universidade de São Paulo, localizada na capital paulista, descrita por Marangon (2003), na qual as crianças de turmas diferentes interagem através de atividades de Artes Visuais e também da Unidade de Educação Infantil Ipê Amarelo, localizada na Universidade Federal de Santa Maria no Rio Grande do Sul.
Martins (1997) comenta sobre o papel das interações sob o ponto de vista vygotskiano do desenvolvimento do sujeito, para ele:
As relações estabelecidas no ambiente escolar passam pelos aspectos emocionais, intelectuais e sociais e encontram na escola um local provocador estas interações nas vivências interpessoais. A escola caracteriza-se como um dos primeiros locais que deveriam garantir a reflexão sobre a realidade e a iniciação da sistematização do conhecimento socialmente construído. Estabelecendo um palco de negociações, os alunos podem vivenciar conflitos e discordâncias buscando acordos sempre mediados por outros parceiros. (MARTINS, 1997, p 120).
Levando em conta que a maioria das crianças passa a maior parte do seu tempo na escola, mais do que em casa, esse local deve ser um ambiente provocador, onde as crianças são estimuladas a ter relações saudáveis com outras pessoas, desenvolvendo sua fala, forma de agir e respeito ao próximo.
A Educação Infantil está em movimento, e um bom profissional não deve ficar parado no tempo, deve continuar sempre estudando, buscando novas alternativas para obter sucesso profissional, sucesso esse que é recompensado através do crescimento intelectual, social e psicomotor da criança, sujeito para qual a educação deve ser pensada e posta em prática.
Teorias Sócio-interacionistas e agrupamento
Um grande pensador muito conhecido no mundo é Lev Vygotsky, pare ele, o desenvolvimento humano vem de uma perspectiva sociocultural, ou seja, o homem se constitui através da interação com o meio em que está inserido sua teoria foi nomeada de socioconstrutivismo ou sociointeracionismo.
Essa interação com o ambiente, passa por uma perspectiva dialética onde o indivíduo não só internaliza as formas culturais como também intervém e a modifica. Os temas centrais de sua obra são o desenvolvimento humano e a aprendizagem – dois processos indissociáveis que se constituem reciprocamente.
O desenvolvimento humano parte do desenvolvimento da fala, e este só ocorre através de estímulos externos. Em seus estudos Vygotsky fala sobre internalização e Zona de Desenvolvimento Proximal, sobre este assunto Oliveira comenta que: “É na zona de desenvolvimento proximal que a interferência de outros indivíduos é mais transformadora. Isso porque os conhecimentos já consolidados não necessitam mais de interferência externa”. (OLIVEIRA, 1993, p.61)
Já Jean Piaget dividiu o desenvolvimento humano em três períodos, para ele o desenvolvimento do indivíduo inicia-se no período intrauterino e vai até aos 15 ou 16 anos. A construção da inteligência ocorre em etapas sucessivas, com complexidades crescentes, encadeadas umas às outras.
Sua teoria nos mostra que o indivíduo só recebe um determinado conhecimento se estiver preparado para recebê-lo. Não existe um novo conhecimento sem que o organismo tenha já um conhecimento anterior para poder assimilá-lo e transformá-lo. O que implica os dois polos da atividade inteligente: assimilação e acomodação. É assimilação a medida em que incorpora a seus quadros todo o dado da experiência; é acomodação a medida em que a estrutura se modifica em função do meio, de suas variações.
Assim que a estrutura genética está formada, são as influencias sociais que farão com que o sujeito desenvolva sua inteligência e suas aptidões. Baseados em pressupostos piagetianos podemos dizer que:
A aprendizagem, em geral, é provocada por situações externas. A aprendizagem somente ocorre quando há, da parte do sujeito, uma assimilação ativa: ‘Toda a ênfase é colocada na atividade do próprio sujeito, e penso que sem essa atividade não há possível didática ou pedagogia que transforme significativamente o sujeito’. (PIAGET, 1972, p. 43).
Partindo do conhecimento sobre essas teorias chegamos ao nosso ponto de partida: proporcionar diferentes interações nas escolas de educação infantil.  Sabemos da grande importância das interações para a construção do sujeito, mas como proporcionar isso nas escolas?
A estrutura organizacional das salas de aulas de educação infantil do Brasil, em grande maioria, é baseada na divisão por idades, onde as crianças tem contato com outras da mesma faixa etária e é apenas no pátio que esse contato se estende a crianças de idades diferentes, não sendo organizado um ambiente em que elas possam, de forma direcionada, conviver e trocar experiências. 
Ai que entra o trabalho da médica Maria Montessori, para ela a criança é um “elo entre as gerações”, geradora de desenvolvimento, a criança cria cultura e isso é assimilado pela mesma vindo a ser um alicerce para sua vida adulta. O adulto transmitirá às novas crianças sua herança cultural, já analisada e transformada pela ótica de sua geração; começará assim um novo ciclo de transmissão onde a história será acrescida e renovada pelo “novo homem”.
Todo o estudo, nessa perspectiva educacional, de Maria Montessori foi criado a partir de descobertas que a mesma fez através de suas experiências e observações de crianças em ação. Assim, a organização por agrupamento do sistema Montessoriano originou-se quando aceitou uma proposta de criar uma escola para os filhos dos operários, com faixa etária que variavam entre 3 a 6 anos de idade. Estudando a estrutura desse tipo de agrupamento, Montessori, observou os benefícios desse esquema de divisão e elaborou estudos mostrando a todos a importância da convivência e interação entre esses grupos distintos que se completam.
A divisão de salas por agrupamentos está sendo muito usada ultimamente, um ambiente de trocas de saberes, onde crianças de idades diferentes circulam e aprendem umas com as outras, sendo observadas e orientadas por adultos, quando necessário. Além de respeitar as fases de desenvolvimento, proporciona um ambiente social semelhante ao vivido cotidianamente pela criança, onde estão presentes pessoas de faixas etárias diferenciadas. Partindo disto, Montessori, fez diversas descobertas que embasam muitas escolas atualmente. Para ela: 
As nossas escolas demonstraram que as crianças de idade diferentes se ajudam umas às outras; os pequenos veem o que fazem os maiores e pedem explicações que estes lhes dão voluntariamente. É um verdadeiro ensino, já que a mentalidade da criança de cinco anos está tão próxima da criança de três que o mais pequeno percebe facilmente do outro aquilo que nós não sabemos explicar-lhe. Há entre ambos uma harmonia e uma comunicação como bem raro existe entre adultos e criança pequenas. […] E mais: uma criança de três anos interessar-se-á pelo que faz a de cinco até porque não será coisa muito longe das suas possibilidades (MONTESSORI, p.188,). 
Utilizando essa estrutura de agrupamento, desenvolvi na Escola de Municipal de Educação Infantil Bem Me Quer, localizada no município de Santa Cruz do Sul, um plano de aula onde crianças de 3, 4 e 5 anos de idade conviviam harmoniosamente em sala de aula, trabalhando juntas em um ambiente preparado especificamente para a troca de saberes entre eles, o objetivo disto foi por em pratica essa nova abordagem metodológica e verificar sua eficiência ou não.
Plano de ação
Meu plano de ação foi baseado na proposta de fazer uma interação entre crianças de idades diferentes, tentando promover a troca de saberes e vivências entre as duas turmas.
No livro Pedagogia (s) da Infância (Oliveira-Formosinho, 2007, Kishimoto, 2007, Pinazza, 2007) as autoras comentam sobre vários teóricos que abordam o assunto, dentre eles Montessori, que defende essa troca de saberes em seus escritos. Partindo disso, muitas escolas estão se voltando a essa nova forma de planejamento de turmas, diversos pensadores concordam com essa ideia e ainda acrescentam que esse tipo de interação produz um bom desenvolvimento infantil. Partindo desse pressuposto propus algumas atividades relacionadas ao tema.
As crianças tiveram uma semana diferente, já na chegada a escola, eram encaminhados a mesma sala, expliquei meus objetivos aos pais e colegas, sendo muito bem aceitos. Preparei um ambiente diferente a cada dia, espaços pensados, brinquedos dispostos ao alcance das crianças e sempre uma atividade de integração que serão descritas posteriormente.
Embora a escola na qual trabalho não segue totalmente o Sistema Montessoriano para o trabalho com as crianças, Nedel (apud JUNGES, 2008) coloca alguns aspectos sobre a importância de diferentes propostas serem oferecidas simultaneamente:
Em uma classe montessoriana, ver-se-ão crianças envolvidas com as mais diversas atividades, simultaneamente: uns estão trabalhando com matemática, outros com linguagem outros com arte, outros com ciências, geografia, astronomia, dinossauros. Não existe caos na classe montessoriana. Existe uma ordem, mas não é aquela ordem da escola tradicional, onde todos sempre fazem o mesmo tipo de atividade. (NEDEL apud JUNGES, 2008, p. 1)
Partindo de vários pressupostos positivos sobre essa troca de experiências, desenvolvi um projeto com algumas atividades, todas voltadas para a ludicidade, levando em conta o querer da criança e buscando despertar nela curiosidades e sociabilidade através da brincadeira.
Descrição das atividades:
Com base nos estudos feitos no curso de Aperfeiçoamento na Docência na Educação Infantil propus as seguintes atividades para as crianças:
1.     Dança da cadeira cooperativa
Desenvolvimento: uma dança da cadeira diferente, onde as cadeiras diminuem e as crianças tem que arrumar um jeito de se acomodar sem que ninguém fique em pé.
Objetivo: fazer com que as crianças valorizem e cuidem dos colegas para que nenhum fique sem sentar e pensem em alternativas para isso.
Prática: foi uma atividade muito divertida e prazerosa, as crianças buscaram logo uma alternativa para ninguém ficar em pé, um ajudava o outro a sentar, e sentavam com cuidado para não machucar o coleguinha. Coloquei músicas conhecidas deles para fazer as paradas, eles cantavam e batiam palmas, durante os intervalos. A atividade chamou a atenção das outras turmas e no fim fizemos uma grande mistura com mais duas turmas da EMEI, ambas com crianças de 3 anos, não sendo possível anexar as fotos porque não consegui as autorizações de uso de imagem das outras crianças a tempo.
Figura 1 – alunos na Dança da Cadeira Cooperativa
2.     História contada e encenada pelas crianças
Desenvolvimento: As crianças da Turma H (5 anos), escolheram um livro no nosso varal de livros para encenar para as crianças da outra turma.
Livro escolhido: Cachinhos de Ouro
Figura 2 – Livro Cachinhos de ouro
Objetivo: interação entre turmas, desenvolvimento da oralidade e fantasia.
Prática: Essa atividade foi uma das melhores feitas neste plano de ação, as crianças se empenharam na apresentação da peça, riram e choraram na encenação, as crianças da turma F (4 anos) adoraram a história e pediram para que se repetisse no outro dia.
Figura 3 – alunos da Turma H encenando Cachinhos de Ouro
3.     Teatro de fantoches
Desenvolvimento: os alunos da Turma F escolheram personagens de fantoches e interpretaram as histórias para os maiores.
Objetivos: socialização, criatividade e oralidade.
Prática: Os alunos da Turma F escolheram fantoches e decidiram interpretar a música do Seu Lobato, foi um momento muito legal, os alunos cantaram junto e o público interagiu com a história da Música.
Figura 4 – alunos cantando com fantoches
4.     Roda Cantada
Desenvolvimento: uma grande roda é feita com os alunos e professores das turmas, leitura e interpretação do livro: Duas festas de ciranda de Fabio Sombra e Sergio Penna e a música popular: Linda Rosa Juvenil.
Objetivos: atenção, interação social, lateralidade.
Figura 5 – As Turmas F e H brincando de roda.
5.     Brincadeiras com caixas
Desenvolvimento: diversas caixas de tamanhos diferentes foram espalhadas pela sala para que as crianças brinquem livremente com elas.
Objetivos: interação, imaginação e criatividade
Figura 6 – crianças de 3,4 e 5 anos brincando com caixas.
CONCLUSÃO
A história da educação infantil no Brasil é muito recente se levarmos em conta o mundo, diversos estudos já haviam sido feitos e educação infantil só foi realmente valorizada e considerada importante no final do século XX. Temos muito a percorrer ainda para melhora-la. 
Esta forma de agrupamento vem a acrescentar novas perspectivas num ensino até então baseado numa forma tradicional ultrapassada. O trabalho com crianças de diferentes idades no mesmo ambiente pedagógico possui uma riqueza inimaginável. A troca de saberes, o cuidado que os maiores têm com os menores faz repensar muito na concepção de aprendizagem.
Sabe-se que são nas interações sociais que as diversas inteligências são assimiladas, estamos em constante interação, por que a escola de educação infantil precisa ser um ambiente dissocial, que divide as crianças por idades? 
Uma educação feita pensando diretamente nas crianças e suas necessidades é a base de um ensino de qualidade. Essa proposta de trabalho não é algo de agora, diversas escolas do mundo estão se baseando nessa forma de dividir e planejar as turmas não devemos ficar para trás. 
 Não há restrição alguma por parte das políticas públicas que proíbam tal divisão das turmas. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96 dá liberdade para que cada instituição possa organizar suas classes, nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (2009) essa medida é até incentivada.
Isso não significa que concordo em ter uma turma totalmente seriada na educação infantil, mas faz-se pensar em momentos de interação, momentos esses que só vem a acrescentar melhorias ao nosso ensino básico. Começar aos poucos e quem sabe futuramente inserir este novo tipo de concepção em todas as escolas.
As crianças da EMEI Bem Me Quer adoraram essa proposta, os pequenos se achavam grandes e os maiores eram como professores e auxiliares dos pequenos. Foi uma semana bem divertida e cheia de descobertas, onde as duas turmas puderam aprender juntas, todo dia eles pedem para “passear” na outra turma. 
Aos poucos iremos construir uma educação infantil exemplar, que consiga ter seus objetivos positivos alcançados. Toda criança tem direito a educação, devemos fazer o possível para que esta educação seja realmente de qualidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE∕CEB nº 5/2009.Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília, DF, 2009. FERREIRA, Maria Clotilde Rossetti (Org.). Os fazeres na educação infantil. São Paulo: Cortez, 2000. MARAFON, Danielle. Educação Infantil no Brasil: um percurso histórico entre as ideias e as políticas públicas para a infância. s/d. Disponível em: www.histedbr.fae.unicamp.br/acer_histedbr/…/ZjxYEbbk.doc Acesso em 10 de fev. 2012 MARANGON, Cristiane. Juntos eles aprendem melhor. 2006, Revista nova escola online disponível em http://revistaescola.abril.com.br/formacao/juntos-elesaprendem-melhor-422896.shtml. Acessado em: nov, 2015. MARTINS, João Carlos. Vygotsky e o papel das interações sociais na sala de aula: reconhecer e desvendar o mundo. Série Ideias n. 28, São Paulo: FDE, 1997. p. 111-122. Disponível em: http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_28_p111- 122_c.pd. Acessado em: março, 2016 OLIVEIRA, Marta K. de. Vygotsky. Aprendizado e desenvolvimento, um processo histórico. São Paulo: Scipione, 1993. PIAGET, J. Desenvolvimento e aprendizagem. Traduzido por Paulo Francisco Slomp do original In. LAVATTELLY, C. S. e STENDLER, F. Reading in child behavior and development. NewYork: Hartcourt Brace Janovich, 1972. ______, Biologia e Conhecimento. Petrópolis: Editora Vozes, 1973. ______, A equilibração das estruturas cognitivas. Rio de Janeiro: Zahar, 1976. SCHLEMMER, Eliane. O trabalho do professor e as novas tecnologias. In: Revista Textual. Setembro de 2006.
[1] Graduação em Pedagogia Docência em Anos iniciais e Educação Infantil e Gestão Escolar, pela Instituição Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo. E-mail do autor: [email protected] Orientador: Marcia Schmidt Néglia Armenini [2] Redação modificada a partir do sancionamento da Lei Federal nº 11.274 de 6 de fevereiro de 2006, que regulamenta a ampliação do Ensino Fundamental de oito para nove anos no Brasil, até então a educação infantil era composta por crianças de 0 a 5 anos.