Importância da educação ambiental na formação do pedagogo

Artigo sobre a Importância da educação ambiental na formação do pedagogo.

Resumo

Este trabalho consiste na investigação da importância da Educação Ambiental na Formação do Pedagogo. Sob a ótica das atuais Diretrizes Curriculares do Curso de Pedagogia no Brasil, tendo a docência como base estruturante de sua formação, buscamos analisar a visão de Profissionais Pedagogos que atuam em Instituições Escolares e Não Escolares quanto à importância da Educação Ambiental na sua formação e atuação pedagógica. O trabalho foi desenvolvido com a aplicação de um questionário previamente elaborado, tendo elementos importantes para a reflexão do papel social da educação. Na abordagem foi realizado um breve estudo sobre a Pedagogia tendo como ponto de partida a sua história, importância e sua aplicação enquanto ciência da educação e a função do pedagogo na sociedade contemporânea, trazendo a discussão sobre o atual modelo educacional. Desenvolvemos um breve estudo sobre a Educação Ambiental, sua inclusão como importante mudança no papel da escola, revendo de forma salutar as concepções de ensino e aprendizagem, e a partir de reflexões sobre as práticas pedagógicas de intervenção social. A Pedagogia enquanto premissa da condução do saber tem tido ao longo de sua história a missão de atuar em como ensinar, o que ensinar, quando ensinar e para quem ensinar. Entendendo a importância da Educação Ambiental o profissional pedagogo assume um novo papel de interventor e de mediador diante da atual realidade educacional a partir de um olhar crítico, reflexivo para a construção de um sujeito cidadão. A análise dos dados obtidos com a presente pesquisa resultou na conclusão da importância do entendimento da Educação Ambiental como elemento da dimensão dos processos de ensinar e aprender. Conclui-se que o Pedagogo deve ser um profissional comprometido e integrado socialmente na vida dos educandos, buscando sempre a melhoria da qualidade de vida e comprometimento de ampliar a visão de mundo, buscando a permanente transformação do sujeito.

Palavras-chave: Educação Ambiental, Pedagogo, Pedagogia

1. Introdução

Com o advento das necessidades do mundo moderno e de uma consciência cada vez mais distante de que o planeta é um lugar vivo, nos colocamos diante de um cenário em que a sociedade “vem arrancando os recursos naturais” dando a importância cada vez mais aos bens de consumo como se tudo fosse infinito.

Estamos vivendo num mundo onde os valores estão em declínio, principalmente no entendimento e nas atitudes que adotamos nas relações com a natureza. É preciso entender que também somos parte do conjunto da natureza e necessitamos a sociedade tende a incluir, resistir ou aceitar em sua cultura a necessidade de se adequar à nova realidade e com ela transformar-se em um novo modo de vida.

A contínua degradação dos recursos naturais do planeta Terra tem suas causas no intenso e descontrolado uso destes recursos, na produção de resíduos sólidos, líquidos e gasosos que alteram os fluxos naturais de energia e matéria, e no efeito cumulativo de diferentes atividades humanas, as quais ao longo do tempo têm produzido modificações fundamentais que colocam em risco a sobrevivência de toda a vida no planeta e a da espécie humana. (TUNDISI, 2008, p. 7).

Neste sentido apresentamos a educação como atividade prática necessária a convivência de todos os seres humanos. É através dessa atividade que os seres se transformam, verdadeiramente humanos. Tornar-se humano significa estar integrante de um processo civilizatório de continuidade e de permanente construção e transformação. Logo podemos afirmar que a educação é essencial para a existência das sociedades, pois não há sociedade sem educação e nem educação sem sociedade.

Quando nos referimos à prática educativa não estamos apenas situando à instituição escolar. A prática educativa acontece em todos os espaços culturais e sociais. Toda essa prática faz parte de um conjunto de hábitos, de modos, de atitudes e de acordo com contextos e realidades da cultura de um povo.

Libâneo afirma que:

A educação compreende o conjunto de processos, influências, estruturas, ações, que intervém no seu desenvolvimento humano de indivíduos e grupos na sua relação ativa como o meio natural e social, num determinado contexto de relações entre os grupos e classes sociais, visando à formação do ser humano […] (LIBÂNEO, 2004, p. 30).

Se a educação é uma prática social que tem a finalidade de humanizar as pessoas num processo de continuidade de acordo com cada contexto, torna-se então fundamental que essa prática seja mediada, orientada e conduzida a partir de uma teoria: a Pedagogia.

A pedagogia enquanto teoria geral da educação tem hoje a missão com a verdadeira condução do saber se preocupando com os meios, com as formas e maneiras de levar o ser humano ao conhecimento. Sua preocupação, segundo Ghiraldelli, “vincula-se aos problemas metodológicos relativos ao como ensinar, o que ensinar e também ao quando ensinar e para quem ensinar […] (…) a pedagogia é a teoria, enquanto educação é a prática”. (Ghiraldelli Jr, 1988, p. 8).

O que nos cabe enquanto pedagogos (condutores do saber) é buscar entender de que forma possamos estar voltados para novas concepções de conceber a convivência no planeta para que possamos atuar como interventores de uma consciência para a melhor qualidade de vida.

Neste sentido, cabe a reflexão crítica e prática de intervir na formação e transformação dos seres humanos. Esta intervenção, sem dúvida, é a soma do processo educativo com as questões ambientais que conceituamos de Educação Ambiental.

Educação Ambiental é um permanente e contínuo processo de mudança e transformação de valores e atitudes de caráter individual que busca atingir toda a coletividade, com vistas à convivência com o planeta.

Logo,

A Educação Ambiental não se restringe ao ensino de ecologia e ao ensino de ciências, e também não se caracteriza como doutrinamento para modificar comportamentos ambientais predatórios. O que temos hoje, por parte daqueles que têm uma concepção mais crítica de educação ambiental, é a ideia de que é um processo de construção da relação humana com o ambiente onde os princípios da responsabilidade, da autonomia, da democracia, entre outros estejam sempre presentes. (TOZONI-REIS, 2002).

Por essência da prática educativa, a educação ambiental é concebida como prática política, que deve partir do indivíduo para atingir a coletividade. Sem ela não será possível entender as relações sociais e tampouco a sociedade poderá se organizar para agir para uma qualidade de vida satisfatória à harmonia do planeta.

Neste sentido, o Pedagogo é o profissional que deve ter como base de sua atuação a noção e reflexão de que é o está imbuído de atuar na formação do sujeito intervindo em seu mundo, participando ativamente de um grande e contínuo processo de transformação. Desde a sua origem, o pedagogo tem a missão de levar o indivíduo ao conhecimento.

Atuar na condução de saberes é participar dialogicamente na construção de uma identidade com o mundo. É através da inserção da ação pedagógica que as práticas educativas são consolidadas de maneira clara para a formação e transformação do sujeito.

Freire (1996 p. 61) considera que “ensinar exige compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo”. Portanto, se essa intervenção é uma ação educativa, cabe a pedagogia à importante missão de analisar, compreender e conduzir a prática educativa para a formação do sujeito.

Neste contexto, o Pedagogo deve estar preparado para o mundo e em condições de atuar de maneira clara e objetiva agindo na vida do sujeito para a transformação da sociedade. Desta forma, Pimenta destaca que

(…) O pedagogo deve estar preparado e em condição para mudar as formas e os processos de se proceder a educação, o ensino, as políticas de educação de crianças, jovens e adultos, os processos educativos formais e não-formais, a gestão do ensino e das escolas e instituições educativas e outras demandas sociais necessárias (PIMENTA, 2004, p.10).

Diante da sociedade em que vivemos e com os problemas ambientais cada vez mais contundentes não há como separar a prática educativa da prática e da consciência ambiental. É necessário adotarmos um posicionamento crítico e transformador em todos os espaços sociais.

2. A educação ambiental como consciência crítica e social

 No mundo em que vivemos onde as práticas sociais estão cada vez mais voltadas à dependência do consumo e da maior importância material, os valores humanos acabam ficando esquecidos como se fossem meramente transitórios. Neste contexto a educação ambiental deve despertar em cada indivíduo à concepção de sujeito capaz de atuar na mudança de atitudes diante da sua realidade. É aí que destacamos a educação ambiental como consciência crítica e transformadora.

Não podemos esquecer de que todos nós somos elementos de uma transformação contínua e historicamente somos dinâmicos na medida em que assumimos o papel de intervenção social. Todas as ações que executamos ou que deixamos de executar no mundo em que vivemos tem um importante papel de alteração do ambiente, no todo ou em parte dele.

Machado (2008) destaca

Alterar o ambiente é alterar espaço e comunidade. Neste sentido, todo trabalho ambiental é também social. A intervenção ambiental deve ser encarada como um trabalho de transformação social… (MACHADO, 2008, p. 27)

O que faz uma sociedade se mover não é somente a questão das mudanças no espaço físico ou na utilização dos recursos naturais. O que move a sociedade são as intervenções e as relações humanas, capazes de transformarem o espaço e a consciência de cada indivíduo, de cada povo e particularmente na formação de um sujeito consciente de seus atos e atitudes.

Tratar da dimensão de uma consciência crítica dos atos e atitudes de cada indivíduo é considerar que a Educação Ambiental é o cerne das questões da educação nos dias de hoje. Se a sociedade não tem a consciência necessária à proteção do meio em que vivemos ou esquecemos de elencar valores para preservá-la então só nos resta a tomarmos medidas profundas capazes de agir no íntimo de cada ser para que possamos entender as necessidades de aprendermos a conviver harmonicamente com o meio onde estamos inseridos.

Não adianta chorar a árvore derrubada. Lágrimas não purificam o rio poluído. Dor ou raiva não ressuscita os animais. Não há indignação que nos restitua o ar puro. É preciso ir a raiz do problema, tentar entender por que o homem cava a sua própria sepultura degradando o meio ambiente (CHIAVENATO, 1981:5) A citação de Chiavenato nos leva a uma reflexão de que devemos ser solidários e conscientes diante da natureza. Ser solidário, não basta apenas reclamar ou lamentar. Exige compreensão, decisão, tomada de atitudes e acima de tudo uma intervenção prática e ética diante da vida.

Educar-se ambientalmente é antes de tudo aquilo que transcende o que a gente pensa. Sua aplicação, de fato, é transformar gestos, comportamentos, culturas, idéias e essencialmente atuar para a melhor qualidade de vida no planeta.

É preciso ficar bem claro que a Educação ambiental não se restringe à proteção de plantas e animais ou à defesa dos meios e recursos da natureza. Educação Ambiental envolve consciência crítica, mudança e transformação de atitudes em relação à vida.

A Educação Ambiental envolve consciência, princípios e valores que norteiam à capacidade do indivíduo atuar diante da sociedade.

Na consciência ambiental são gerados novos princípios, valores e conceitos para uma nova racionalidade produtiva e social, e projetos alternativos de civilização, de vida, de desenvolvimento (LEFF, 2001: 151)

2.1. Perspectivas na formação do pedagogo

As novas Diretrizes do Curso de Pedagogia no Brasil apontam para uma formação de um profissional preparado para assumir o exercício da docência na Educação Infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, nos cursos de Ensino Médio na Modalidade Normal e em Cursos de Educação Profissional na área de serviços e apoio escolar, bem como em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos.

Nas perspectivas das novas diretrizes para o Curso de Pedagogia, fica claro a intenção de se formar um profissional comprometido e envolvido com as questões éticas, valores culturais e, principalmente, de um “interventor” de ensino com a visão de mundo para a construção do sujeito.

Tendo a docência como base da formação do pedagogo, as novas Diretrizes enfocam a necessidade de se construir num processo dinâmico habilidades diversificadas através de princípios da “interdisciplinaridade, contextualização da realidade do sujeito, democratização, pertinência e relevância social, ética, e sensibilidade afetiva e estética” (Brasil, 2006, p. 1).

Se desenvolver na base da formação docente é introduzir-se na responsável tarefa de erguer os pilares de um rico processo de continuidade. É reconhecer-se num potencial círculo onde todos os sujeitos estão horizontais numa dinâmica de construção de saberes. Mas não se pode atribuir o papel do Pedagogo somente à docência das séries iniciais do ensino fundamental, porque a sua grande missão não está somente no ambiente escolar. Na sua formação é central o conhecimento da escola enquanto instituição social que tem o objetivo de promover a educação para a cidadania, a realização de pesquisa, a participação na gestão e organização nos sistemas e instituições de ensino.

As novas diretrizes do Curso de Pedagogia instituem o perfil do profissional devendo ao final do seu curso estar apto a atuar com ética e compromisso com vistas a uma sociedade justa, equânime, igualitária e, acima de tudo compreender o mundo de seus educandos, atuando com respeito às diferenças, as diversidades e adversidades atribuindo em cada ser o valor único enquanto sujeitos de um processo de construção e transformação.

Para que a formação do novo pedagogo ocorra de forma integrada e objetiva, além de toda a proposta metódica e profissional, as novas diretrizes do curso prevêem em sua estrutura.

a) Um núcleo de estudos básicos com vistas nos princípios técnicos, éticos, culturais e tecnológicos, análises e planejamentos e principalmente visando valores humanos de cidadania;

b) Um núcleo de aprofundamento e diversificação de estudos voltados ao Projeto Político pedagógico com investigações dos processos educativos e práticos, estudos e análises de avaliação de teorias da educação; e

c) Um núcleo de estudos integradores com vistas às participações e vivências em seminários, eventos educativos, culturais e sociais que fortaleçam a formação e aprofundamento nos estudos de acordo com as diferentes realidades. (Brasil, 2006, p. 3/4).

Desta forma, o Curso de Pedagogia é central quando pretende formar educadores e não somente reprodutores de algo já conhecido ou meramente conteudista. Pensar na prática educativa é pensar em uma ação pedagógica consistente que além de formar pedagogos, deve formar um sujeito de consciência crítica, reflexiva, de reais valores humanos para além da escola enquanto instituição, mas que se projete de maneira íntegra e humana para formar e transformar seres humanos. Ser este profissional é entender determinadas concepções e princípios de igualdade, justiça social, respeito às diferenças, luta pela cidadania plena e com certeza a constante luta pela melhor qualidade de vida entre os povos.

Neste cenário, a tarefa do pedagogo vem se modificando e sua atuação torna-se fundamental em nossa sociedade, pois cada vez mais é preciso valorizar e reconhecer cada ser como parte integrante de um processo contínuo de construção. Portanto, é importante refletirmos que para o Pedagogo não deveria existir educação formal ou não-formal, mas, a prática educativa da qual é fator primordial para o desenvolvimento humano.

Se o Pedagogo assume uma importante tarefa de agregar valores e consciência crítica para formar cidadãos, não pode deixar de reconhecer a importância da Educação Ambiental como elemento da grande dimensão na formação do sujeito fazendo parte do dia a dia de nossas vidas.

Considerando o principal ato de responsabilidade social pela educação na construção do sujeito, o profissional pedagogo é central na tomada de atitudes de pensar a prática educativa, indicar os caminhos e acompanhar as evoluções do nosso tempo. Para isto é essencial a aproximação, o entendimento e a tomada de atitudes diante da realidade social contemporânea.

2.2. Analisando a formação do pedagogo

Buscamos analisar a importância da Educação Ambiental na formação do Pedagogo, sob a ótica da sociedade humana e das novas diretrizes do Curso de Pedagogia no Brasil. Neste sentido, a formação do profissional pedagogo parte do pressuposto de que deve haver uma compreensão sólida sobre o ambiente não só como espaço meramente físico, mas com base sólida nas transformações das relações humanas, permitindo-lhes o conhecer a sua vasta importância social e reformular conceitos e atitudes diante dos alunos sejam na escola ou fora dela.

A metodologia de pesquisa utilizada para o desenvolvimento deste trabalho foi baseada numa pesquisa qualitativa, sendo executada a coleta de dados através de um questionário contendo cinco questões previamente elaboradas e entregues aos participantes para as devidas respostas e posteriormente analisando-se as informações recolhidas.

Os sujeitos da pesquisa são dois Pedagogos que atuam em Instituição Escolar e dois Pedagogos que atuam em Instituição Não escolar.

Após a leitura dos dados obtidos podemos analisar que os Pedagogos das Instituições Escolares declaram claramente que as práticas de Educação Ambiental não são contempladas como necessidade do dia a dia aliadas aos conteúdos passados aos alunos. Concordam que o pedagogo deve estar sempre integrado e em busca de conhecimentos teóricos e práticos com o objetivo de auxiliar os alunos e de oferecer uma vivência social e transformadora.

Logo, podemos destacar

O ensino tradicional básico falha não tanto por ser disciplinar, mas por não impulsionar e orientar as capacidades cognitivas, inquisitivas e criativas do aluno, e por estar desvinculado dos problemas de seu contexto sociocultural e ambiental. (LEFF, 2001:261)

Os Pedagogos que atuam nas instituições Não Escolares destacam a necessidade da visão ampla de todos os profissionais e enfatizam a Educação Ambiental como peças importantes para a formação do sujeito dentro e fora da escola. Esses profissionais não concordam que a educação ambiental deve ser considerada uma disciplina escolar ou uma forma de conscientizar as crianças e jovens para as causas ambientais. Eles destacam que é preciso considerar a Educação Ambiental como elemento de educação do cotidiano para agir paulatinamente na vida dos seus alunos, pais, educadores e toda a comunidade.

Analisando as falas dos Pedagogos, podemos constatar que os mesmos concordam com a visão de que ao assumir essas atitudes os profissionais de educação estão se conscientizando que há uma necessidade de assumirem a responsabilidade social da educação, principalmente da forma de intervir na formação do sujeito para aprenderem a lidar com o meio onde vivem.

A preocupação dos Pedagogos das Instituições Escolares não se esgotam em enfrentar as novas perspectivas do ensino, mas demonstram claramente que a Escola deve rever o seu papel de elencar disciplinas e transformá-las em maneiras frente aos desafios de ensinar construindo novas formas de atuação e de formação contínua e de se posicionarem com atitudes sobre o conhecer sob a nova concepção de homem do mundo e da sociedade.

De acordo com Leff (2001) “há uma necessidade de rever criticamente o funcionamento dos sistemas educacionais, como também os métodos e práticas da pedagogia”.

É notória a questão da preocupação em passar aos alunos a importância de se preservar tudo aquilo que é da natureza, mas é importante destacar que todos os pedagogos reconhecem a necessidade de mudança na tomada de atitudes, com a qualidade das informações e da sua formação sólida diante da realidade social. É o reconhecimento de valorizar cada ser como parte integrante de um processo contínuo de construção.

A Educação Ambiental traz consigo uma nova pedagogia que surge da necessidade de orientar a educação dentro do contexto social e na realidade ecológica e cultural onde se situam sujeitos e atores do processo educativo. Por outro lado isto implica a formação de consciências, saberes e responsabilidades que vão sendo moldados a partir da experiência concreta do meio físico e social, e buscar a partir dali soluções aos problemas ambientais locais (…) (LEFF, 2001:257)

Neste sentido, podemos analisar que ambos vão ao encontro da concepção das Novas Diretrizes do Curso de Pedagogia em que apontam a formação de um profissional que não pretende formar somente reprodutores de algo já conhecido ou meramente conteudista. Sob a ótica e proposta do Curso de Pedagogia na atualidade é de suma importância o direcionamento para a formação de um sujeito de consciência crítica, reflexiva de reais valores humanos tanto na escola, quanto fora dela. Que se tenha a intenção de formar e transformar verdadeiramente humanos.

Quando se trata em zelar pela liberdade dos educandos é relevante levar em conta os seus conhecimentos, sua cultura, seus valores e a necessidade de entender e assumir uma postura diante das concepções de igualdade, justiça social, respeito às diferenças e luta pela cidadania.

As falas dos Pedagogos no que diz respeito a importância da Educação Ambiental para a sua formação para atuarem na sua prática pedagógica têm em comum a necessidade de estarmos envolvidos no compromisso e na responsabilidade social da educação. É ter a visão da educação como totalidade, defendida por Brzezinsk (1996, p.12), sobre a relevância do trabalho pedagógico e “almeja a formação de um pedagogo que tenha domínio e compreensão crítica daquilo que ensina e faz”.

Destacam a importância da formação em Educação Ambiental no sentido de representarem novas possibilidades de se chegar ao conhecimento, da necessidade de se modificar as práticas pedagógicas diante da atual realidade, de incentivar os seus alunos para irem à busca do novo e, principalmente, a tarefa de assumir o papel de mediador e de interventor dos processos educativos.

Neste sentido a inserção da Educação Ambiental na formação do Pedagogo se faz tão necessária quanto ao entendimento das formas de ensinar e de refletir criticamente as maneiras de como se chegar ao conhecimento.

Analisando todos os dados coletados no questionário da presente pesquisa constatamos que estruturalmente a formação do pedagogo na atualidade está preocupada em diversificar e ampliar a visão da sua atuação enquanto responsável por buscar meios, possibilidades e entendimentos da prática educativa.

A sociedade contemporânea considerada por muitos estudiosos como sociedade tecnológica é enfocada com muita veemência pelos profissionais de educação, principalmente em relação às novas possibilidades para se ensinar e aprender, mas os mesmos reconhecem que ainda há um grande desafio a ser vencido. Dentre eles o medo, a insegurança e a visão de que o planeta está adoecendo e que precisamos agir rapidamente, no dia a dia nos mecanismos de ensinar e aprender.

As preocupações inerentes ao medo do novo e sobre a necessidade de estarem atualizados são recorrentes, mas é consenso de que são necessárias mudanças na postura e uma visão crítica da realidade.

Caberá aos profissionais a responsabilidade de se posicionarem criticamente para entenderem o seu verdadeiro papel diante da nova realidade a que devem se inserir.

Os participantes da pesquisa reconhecem o campo de atuação da pedagogia não como um espaço limitado, conteudista, meramente técnico ou formativo. Eles apontam o Pedagogo como um profissional comprometido e integrado socialmente na vida dos educandos com vistas às constantes mudanças da sociedade, do mundo globalizado, das necessidades de trabalhar para a melhoria da qualidade de vida e do comprometimento de ampliar a visão de mundo, buscando a permanente transformação.

3. Considerações finais 

Diante da realidade educacional brasileira, especificamente na formação do pedagogo é notória a necessidade de mudança do paradigma sobre as formas de se ensinar e de se chegar ao conhecimento.

Ao longo da história da educação diferentes abordagens de teóricos têm atribuído à importância de se rever constantemente o papel da escola enquanto instituição social responsável pela modificação e transformação do sujeito enquanto cidadão.

Diante do papel do educador, não podemos deixar de lado a responsabilidade de cada ator no processo de construção de uma verdadeira identidade na construção de saberes.

Este trabalho consistiu em apresentar a discussão de aproximar os educadores em relação às necessidades emergentes do mundo atual, especificamente na educação ambiental, para elucidar a questão da sua importância para a formação e atuação do pedagogo.

Tendo a docência como base estrutural da sua formação, pudemos concluir através de estudos e pesquisas que a Educação Ambiental é a grande dimensão da educação e um importante mecanismo necessário à formação do pedagogo, com vistas tornar sólida a sua atuação de interventor e mediador na construção do sujeito enquanto cidadão.

Em suma, concluímos que a formação do pedagogo deve estar calcada nos princípios de ética, responsabilidade, mudança de atitudes e, acima de tudo se envolver num processo dinâmico acompanhando as novas possibilidades que constituem a liberdade de conhecer e aprender continuamente a conviver com o planeta.

Referências

TUNDISI, José Galizia. Instituto Internacional de Ecologia, São Carlos-SP, 2008.

LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e pedagogos, para quê? 7ed. São Paulo: Cortez, 2004.

Ghiraldelli JR, Paulo. O que é Pedagogia. 3. Ed.São Paulo: Brasiliense, 1988.

TOZONI-REIS, M.F.C, Formação de Educadores Ambientais e paradigmas em transição. Ciência e educação. V8, n.1, 2002)

PIMENTA, Selma Garrido. Pedagogia sobre Diretrizes Curriculares. Disponível em http://www.unisete.br/graduacao/fafisete/pedagogia/banco%20de%20textos/pedagogia_diretrizes_selma_garrido_pimenta.pdf. Acesso em 20 Set 2010.

BRASIL, DCN Curso de Pedagogia, Resolução CNE/CP nº 01, 2006

MACHADO, Carly. Educação Ambiental Consciente. 2. Ed. Rio de Janeiro, RJ: Wak, 2008

BRZEZINSKI, Iria. Pedagogia, pedagogo e formação de professores. 5. Ed. Campinas, SP: Papirus, 2005

LEFF, Enrique. Saber Ambiental, Petrópolis, RJ, 2001.