A música no processo de letramento e alfabetização na Educação Infantil

Confira nesta postagem um artigo “A música no processo de letramento e alfabetização na Educação Infantil” escrito por nosso parceiro e colaborador Prof. Marcos L Souza (Pedagogo – Educador musical – Psicopedagogo).

A música no processo de letramento e alfabetização na Educação Infantil

A educação é um processo global, progressivo e contínuo, que envolve diversas táticas e métodos para sua aprendizagem. Na escola, a música pode ser utilizada para desenvolver a percepção, a coordenação motora, a memorização, o pensamento crítico, enfim, o cotidiano escolar pode ser envolvido por música em diversas situações para que se torne uma atividade prazerosa.

O desenvolvimento que a música proporciona à criança

Verifica-se que por meio da música, haverá a oportunidade de a criança ter uma formação musical, preservando a cultura de nosso País, e conhecendo também outras culturas.

Contudo a influência da música no desenvolvimento da criança é incontestável. Pode-se entender que o processo e crescimento de uma criança estão além de seus aspectos físicos ou intelectuais. Esse processo envolve o amadurecimento afetivo, social e cognitivo, e através desta, as habilidades e a sensibilidade dos alunos podem ser reconhecidas e reveladas.

Nota-se que a música possibilita uma diversidade de estímulos quando a criança tem a prática musical, seja ela com instrumentos ou sem: tem caráter relaxante, estimula a absorção de informações, raciocínio lógico, memória, ou seja, a aprendizagem.

Para PENNA (2001, p.2), essa concepção do ensino de música “é bem direcionada, uma vez que consideramos que a função da educação musical na escola de ensino fundamental é ampliar o universo musical do aluno”. A música nos primeiros anos de vida fundamenta-se no estímulo-sensação, que vai resultar numa resposta motora.

Observa-se outro campo de desenvolvimento que é a afetividade humana. Em um artigo publicado na Revista da UFG (2004), Monique Andreis Nogueira relata que em pesquisas realizadas comprovam-se que os bebês permanecem calmos quando expostos a músicas serenas. Por outro lado, dependendo da aceleração da música, ficam mais alerta.

Ela relata que nossas avós sabiam que colocar o neném do lado esquerdo, junto ao peito, deixava-o mais calmo. A explicação científica é que, nessa posição, ele sente a batida do coração de quem o está segurando, pois parece muito com o som que ouvia no útero da mãe, quando estava na barriga.

A música tem sido apontada como uma área de conhecimento mais importante a ser trabalhada na Educação Infantil, ao lado da linguagem oral e escrita, do movimento, da arte.

A música também causa efeitos na maturação social e individual da criança. Ao brincar, a criança tem a oportunidade de vivenciar de forma lúdica regras sociais, situações de perda, escolha, decepção, dúvida e afirmação. As cantigas de roda é um exemplo claro.

Essas cantigas que são passadas através das gerações, tratam de temas que a criança enfrentará no futuro, falam de amor, disputa, trabalho, tristezas, etc. São experiências que os brinquedos eletrônicos não podem proporcionar.

Nota-se que nas atividades musicais, exemplo o canto, a criança aprende elementos que farão parte da sua integração social, pois, ao cantar ou tocar em conjunto, ela irá sentir a necessidade de cooperação e respeito ao próximo, tendo o aprendizado de que cada pessoa precisa colaborar individualmente, e de que todos precisam trabalhar em harmonia. Em relação ao repertório musical, ao ser trabalhado as músicas folclóricas, terão a consciência do grupo que pertence, facilitando sua integração social em outras comunidades.

Constata-se outro desenvolvimento, que é o motor, onde predomina o aspecto movimento. Por meio do movimento rítmico-musical, o controle da motricidade acontece de forma natural e precisa, envolvendo a expressão corporal. Isso pode ser trabalhado através da dança, do cantar, do mover-se e do tocar instrumentos, pois a música se comunica por meio do corpo todo.

Outro grande objetivo ao se trabalhar a música é o aprender a ouvir. Ele desenvolve a atenção auditiva e aumenta as capacidades de concentração e memória. Por meio da escuta, a criança passa a perceber todos os aspectos da música, ritmo, melodia, textura, forma, estilo, entre outros.

Quando a criança aprende a ouvir, não apresentará níveis tão altos de dispersão e desinteresse, afinal, já estará adquirindo o hábito de estar atenta. O trabalho com musicalização infantil na escola é um poderoso instrumento que desenvolve, além da sensibilidade à música, fatores como: concentração, memória, coordenação motora, socialização, acuidade auditiva e disciplina.

Ligar a música e o movimento, utilizando a dança ou a expressão corporal, pode contribuir para que algumas crianças, em situação difícil na escola, possam se adaptar (inibição psicomotora, debilidade psicomotora, instabilidade psicomotora, etc.). Por isso é tão importante a escola se tornar um ambiente alegre, favorável ao desenvolvimento. (BARRETO, 2000, p.45).

A escola necessita que se prepare para as aulas de música um espaço livre para a movimentação corporal, para a utilização de instrumentos e de outros objetos.

Do cantar ao escrever

No cotidiano escolar a música vem sendo utilizada como prática pedagógica para alfabetizar as crianças. Atividades musicais levam à escrita e a leitura. O repertório musical ainda é restrito e pouco ampliado pelos professores, e merece inovação nesse sentido.

De acordo com Carvalho (2004) o cotidiano escolar é envolvido por atividades que são motivadas pela música em que os alunos desenvolvem a escrita. Inicialmente, cantam, dançam, dramatizam a música que lhes é apresentada. Depois, a professora regente pode lançar o desafio de as crianças realizarem o registro da letra da música.

Brincando e aprendendo

A música tem forte ligação com a brincadeira. Desse modo, existem muitas possibilidades que podem ser inseridas no ambiente escolar, desde a simples apreciação de uma música, como sua interpretação, improvisar músicas, compor, fazer registro dos sons, das letras, criar, construção de instrumentos musicais, realização de jogos e brincadeiras com música. Por meio dessas atividades a criança pode entender aspectos musicais essenciais: as diferentes qualidades do som, o valor expressivo do silêncio, a necessidade de organizar os materiais sonoros, a vivencia do pulso, do ritmo, a criação e reprodução de melodias, dentre outros, que desenvolve a expressão musical de cada um. (BRITO, 1998).

Os jogos musicais improvisados podem ser usados como forma de despertar a criatividade, deixando as crianças sentir o som dos instrumentos musicais e desenvolver sons e ritmos, canções, acompanhamentos livres de regras, para depois incentivá-las a conhecer a seqüência de uma escala sonora, alguns ritmos e sons que podem ser reproduzidos pelos instrumentos que elas estão manuseando, assim, é possível desenvolver atividades agradáveis e envolventes que levam as crianças a pensar, criar, desenvolver seu raciocínio lógico, atenção, memória sonora, dentre outros.

Por outro prisma, a música possui propriedades como: revelar os princípios morais, organizacionais e culturais das sociedades. Envolve os alunos emocionalmente, desperta o interesse deles, pois, por meio da música é possível viajar no tempo e no espaço, visualizar situações, estimular a criatividade e capacidade de expressão (SILVA; CUNHA; RIBEIRO, 2004).

Além de brincar de roda, cantar, bater palmas, pode-se também desenvolver atividades com objetos sonoros para a construção da percepção visual e tátil, bem como, deve ser lembrada a construção de um conhecimento a partir daquilo que se ouve. Por exemplo, o estalo da língua. É uma experiência concreta para a criança essa análise. Objetos que emitem sons, instrumentos musicais improvisados, podem ser usados em atividades que envolvam agrupar sons ou separá-los, classificar e seriar.

A música pode ser trabalhada também em conteúdos de história, matemática, e demais matérias. A partir de músicas populares brasileiras, o docente pode desenvolver atividades explorando sobre o folclore, biografia dos compositores, cultura popular, visão social dentro do contexto histórico, conhecer os símbolos nacionais, e assim sucessivamente, ou seja, de acordo com a temática da música escolhida o docente cria atividades e elabora a exploração do conhecimento dentro de cada disciplina (SILVA; CUNHA; RIBEIRO, 2004).

Nesse sentido, Sônia Fiuza da Rocha Castilho sugere:

a) Procurar em enciclopédias o país em que nasceu determinado compositor e tentar localizar sua cidade natal nos mapas ou globos;

b) Pesquisar sobre a época em que o compositor viveu: costumes, vestuário, acontecimentos importantes, regimes de governo, política, reivindicações sociais;

c) Descrever os próprios sentimentos ao ouvir cada peça, verbalizando-os para os colegas;

d) Identificar o tema musical de um personagem;

e) Pesquisar sobre os instrumentos musicais que integram a orquestra ou que são solistas em determinada peça;

f) Entrevistar músicos da localidade para que falem sobre a profissão ou mostrem sua arte, tocando o instrumento a que se dedicam;

g) Procurar versões diferentes sobre o como que serviu de base para a composição musical;

h) Recontar uma dessas versões para os colegas;

i) Interpretar por meio de desenhos, as idéias sugeridas pela música;

j) Dramatizar ou fazer pantomimas com base nas ações dos personagens;

k) Cantarolar as melodias que oferecem maior facilidade para imitação;

l) Acompanhar com palmas ou batendo os pés as partes ritmadas;

m) Pesquisar sobre as danças de antigamente (valsa, mazurca, polca e outras).

As sugestões da autora são bastante pertinentes, tendo em vista que, todas essas atividades podem ser implantadas no cotidiano escolar ampliando as técnicas de aprendizagem e utilizando a música como principal fonte de estudos.

Por outro lado, as crianças deviam conhecer a música como uma atividade mais aprofundada, como matéria específica. A música como disciplina pode promover na criança um interesse ainda maior sobre os sons, os ritmos, enfim, como matéria curricular a música seria o apoio mais apropriado para as demais matérias.

Giovana Girardi (2004) aponta o certo e o errado na iniciação musical. Segundo relata, para uma orquestra afinada, é preciso:

a) Cantar muito, variar o repertório;

b) Brincar de roda: é uma forma divertida de fazer a criança cantar;

c) Assistir a filmes: neles as crianças conhecem diversos sons;

d) Contar histórias: as crianças gostam de ouvir, de contar e cantar histórias;

e) Bater bola: como no basquete, desenvolve o ritmo;

f) Adivinhar: guardar objetos com sons diferentes dentro de uma caixa, sinos, chocalhos, apitos, reco-reco, latas, flauta. Faça a brincadeira, vendando os olhos para eles reconhecerem os sons;

g) Pular corda: desenvolve o tempo rítmico;

h) Construir objetos sonoros: criar instrumentos a partir de sucata, para as crianças conhecer diversos sons;

i) Tocar flauta doce: fácil de ser dominado e pode se aprender música rapidamente.

Desse modo, a música pode ser implantada de diversas formas no cotidiano das crianças, inclusive como disciplina curricular. A música contribui para o planejamento das aulas, enriquece a aprendizagem, e não deve ficar restrita a eventos, como festas, deve se tornar uma prática diária.

A exemplo disso, a professora musical, Myrna Oliveira (2006), desenvolve um trabalho de musicalização com crianças da Educação Infantil ao Ensino Fundamental I. realiza audições, análise, composição, apreciação, em diferentes níveis, de acordo com as capacidades e habilidades de cada faixa etária. Toma por base o método de Edgard Willems, que divide em: experimentação, verbalização e registro. Assim, os pequeninos manipulam objetos sonoros diversos. As crianças da 3ª e 4ª séries fazem atividades com exercícios e canções, organizando arranjos experimentando o fazer musical. A metodologia muda a todo instante adaptando-se a necessidade do momento.

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Texto por: Marcos L Souza (Pedagogo – Educador musical – Psicopedagogo).