Criança precisa brincar para ser adulta

Jogos e brincadeiras ajudam a desenvolver aspectos físico, mental e emocional, além de ensinar a enfrentar situações adversas no futuro.
Criança precisa brincar para ser adulta
Criança precisa brincar para ser adulta
Preocupados com o aperfeiçoamento técnico e o desenvolvimento dos filhos, os pais acabam enchendo as crianças de tarefas extra-curriculares como aulas de natação, de línguas estrangeiras, balé e judô, sem saber que a atividade mais completa para elas é o simples ato de brincar. “É impossível brincar e não aprender alguma coisa. São duas coisas sem dissociação”, diz a representante da Associação Brasileira de Brinquedotecas em Curitiba e coordenadora da brinquedoteca da Associação Serpiá, Ingrid Cadore.
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Especialistas em educação afirmam que brincar é importante para a criança porque, além de desenvolver os aspectos físico, mental e emocional, é assim que ela aprende a ser adulta. “O brincar é essencial para a formação da criança porque ajuda na estruturação emocional”, diz a educadora brinquedista e coordenadora da brinquedoteca Clube da Brincadeira da Escola Anjo da Guarda, em Curitiba, Maria Cristina Pires.

Segundo ela, cada brincadeira traz um tipo de enriquecimento para a criança. Ela aprende a ter auto-estima, a lidar com sentimentos como a frustração, o medo e a manutenção da esperança. “Quando se tira da criança o tempo de brincar, se tira a oportunidade de ela aprender a perder, a ganhar sem que isso seja a coisa mais importante do mundo. E esses aprendizados emocionais são absolutamente importantes para se viver com equilíbrio na vida adulta, saber lidar com a frustração, ser perseverante”, revela.
Ao brincar com outras crianças, ela entende como funciona o mundo, o que são e como funcionam as regras, que a liberdade de um termina onde começa a do outro. “Principalmente com os jogos em grupo. Porque no jogo a própria criança se avalia. E ela percebe que a regra pode ser questionada, negociada, mudada, desde que se converse com os coleguinhas e eles também queiram experimentá-la de uma outra forma”, ressalta Ingrid.
Criança precisa brincar para ser adultaUma outra vantagem da brincadeira é tornar a criança mais experiente e pronta para enfrentar situações adversas no futuro. Maria Cristina explica que crianças que brincam se tornam resilientes, ou seja, se tornam adultos que saberão lidar com as adversidades e se manter fortes depois de enfrentá-las. “Nos estudos feitos, o brincar é um dos fatores que tornam os alunos mais resilientes. Criança que não brinca pode estar preparada tecnicamente, mas quando adulto vai ter dificuldade em trabalhar em equipe e em lidar com adversidades”, ressalta.
Mas Ingrid faz um alerta. Segundo ela, hoje o brincar, principalmente na escola, passou a ter a finalidade de ensinar outros conteúdos como inglês, matemática e informática. “As crianças pararam de brincar pelo brincar. E isso é sério, porque na hora em que se brinca sem compromisso, ela trabalha com conteúdos emocionais dela. Muitas vezes brincando, no faz de conta dela, está pondo muita coisa para fora e pensando a respeito”, comenta.
E é justamente para estimular o ato de brincar à vontade que existem as brinquedotecas em escolas de Curitiba e em algumas associações. “As crianças precisam brincar. Mas faltam tempo, espaço e outras crianças para elas brincarem. A escola abriu esse espaço para oferecer essa oportunidade para elas terem espaço físico e outras crianças, além de um tempo dedicado estritamente ao brincar”, conta Maria Cristina, que coordena a brinquedoteca da Escola Anjo da Guarda.
Apesar de até os 7 anos de idade brincar ser tão fundamental quanto a nutrição, a saúde e a educação para as crianças, Ingrid ressalta que essa é uma atividade da qual nenhuma pessoa deve abrir mão. “O jogar, na adolescência, possibilita a espontaneidade, o relacionamento com pessoas do outro sexo. Na vida adulta pais e filhos que jogam e brincam estreitam e aprofundam laços de afeto. Sem falar na convivência social e a atividade mental que jogar representa para os idosos”, diz.
Fonte: RPC Gazeta do Povo| Kamila Mendes Martins

Pais não devem subestimar o valor das brincadeiras, essenciais para o desenvolvimento da criança

Pais não devem subestimar o valor das brincadeiras, essenciais para o desenvolvimento da criança
Criança precisa brincar para ser adulta
O princípio VII da Declaração Universal dos Direitos da Criança, aprovada por unanimidade pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 1959, já estabelece: toda criança tem direito ao lazer infantil. Brincar é essencial para o desenvolvimento do seu filho – e o valor da brincadeira não pode ser subestimado.
Brincar tem um viés que vai muito além da simples fantasia. Enquanto um adulto vê apenas uma criança empilhando bloquinhos, para o pequeno aquilo significa experimentar as possibilidades de construir e conhecer novas cores, formatos e texturas. “Para a criança, brincar é um processo permanente de descoberta. É um investimento”, explica Tião Rocha, antropólogo, educador popular e folclorista, fundador do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento, em Minas Gerais.
“A criança que brinca vai ser mais esperta, mais interessada e terá mais facilidade de aprender – tudo isso de forma natural”, diz Ruth Elisabeth de Martin, pedagoga e educadora do Labrimp (Laboratório de Brinquedos e Materiais Pedagógicos da Universidade de São Paulo).
Desenvolvimento
A literatura e as pesquisas demonstram que brincar tem três grandes objetivos para as crianças: o prazer, a expressão dos sentimentos e a aprendizagem. “Brincando, a criança passa o tempo, mostra aos pais e professores sua personalidade e descobre informações”, resume Áderson Costa, professor do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília.
Crianças menores, mesmo na companhia de outras, costumam brincar sozinhas. Para elas, o ideal são brincadeiras que estimulem os sentidos. Através deles, elas exploram e descobrem cores, texturas, sons, cheiros e gostos.
Por volta dos 3 anos elas desenvolvem outro tipo de brincadeira: o faz de conta. Imitar situações cotidianas – como brincar de casinha ou fingir que é o motorista de um ônibus – permite que as crianças se relacionem com problemas e soluções que passam do fazer imaginário para o aprender real.
A partir dos 5 anos, os pequenos estão aptos para incluir o outro nas brincadeiras. “É a fase em que elas deixam de brincar ao lado de outras crianças e passam a brincar com outras crianças”, explica Maria Angela Barbato Carneiro, coordenadora do Núcleo de Cultura e Pesquisas do Brincar da Pontifícia Universidade de São Paulo.
Vale lembrar que o desenvolvimento infantil é individual. Algumas crianças começam a brincar com outras mais cedo, outras mais tarde – não há motivo para preocupação.

Como incentivar seu filho a brincar
Estabelecer um horário diário ou semanal para brincar com seu filho é o primeiro passo para garantir que ele faça esta atividade com frequência. Muitos pais lotam a agenda dos filhos com afazeres extracurriculares, o que extingue o momento da brincadeira. “Toda agenda de criança deve ter um espaço diário para não fazer nada – é aí que surge o espaço para brincar”, orienta Áderson.
Participar da brincadeira dos filhos também dá uma vantagem aos pais: conhecê-los melhor. Como a criança se expressa brincando, os pais observadores descobriram as vulnerabilidades e os pontos fortes de seus filhos. “Brincar juntos aumenta o grau de confiança e o vínculo entre pais e filhos”, diz.
Dar brinquedos de diferentes materiais e tipos também é recomendável. Por isso, nada de entupir a menina só com bonecas e chegar com um carrinho debaixo do braço a todos os aniversários do menino. As crianças precisam experimentar de tudo. “Cada brinquedo traz uma mensagem e vai despertar o interesse e a curiosidade de alguma forma”, ressalta Ruth.
O importante é o brincar, e não o brinquedo. É possível improvisar brinquedos com uma fruta, uma caixa de papelão vazia ou o que quer que esteja à mão. E não se preocupe se não puder dar a seu filho aquele carrinho movido a pilhas de última geração. “Só na visão do adulto um brinquedo eletrônico é divertido. Para a criança, brinquedo que brinca sozinho é enfadonho”, completa Tião.
As brincadeiras ideais para cada faixa etária
Reunimos algumas recomendações de especialistas sobre as brincadeiras mais adequadas para cada faixa etária. O desenvolvimento infantil é individual, mas as crianças passam, cada uma a seu tempo, pelas fases abaixo. Todas as atividades devem ser desenvolvidas sob supervisão de um adulto e nos ambientes adequados.
Até os 2 anos
Nesta fase, a brincadeira tem que estimular os sentidos. Correr, puxar carrinhos, escalar objetos, jogar com bolinhas de pelúcia são atividades recomendadas.

3 a 4 anos

Começam as brincadeiras de faz de conta. As crianças respondem a brincadeiras de casinha, de trânsito, de escolinha e de outras atividades cotidianas.

5 a 6 anos
Os jogos motores (de movimento) e os de representação (faz de conta) continuam e se aprimoram. Surgem os jogos coletivos, de campo ou de mesa: jogos de tabuleiro, futebol, brincadeiras de roda.

7 anos acima
A criança está apta a participar e se divertir com todos os tipos de jogos aprendidos, mas com graus de dificuldade maiores.
Fonte: ig.com.br – Escrito por: Clarissa Passos, iG São Paulo