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Após Justiça proibir volta às aulas, escolas preveem demissões

Após Justiça proibir volta às aulas, escolas preveem demissões

Após Justiça proibir volta às aulas, escolas preveem demissões

Após Justiça proibir volta às aulas no Rio, escolas preveem demissões!

A expectativa era que a reabertura dos estabelecimentos de educação infantil fosse autorizada na fase 6 do plano de retomada do município, previsto para dia 16.

A Justiça suspendeu na quinta-feira (06) o decreto do prefeito do Rio, Marcelo Crivella, que permitia a reabertura de escolas privadas para aulas presenciais no município. O desembargador Peterson Barroso Simão, da 3ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) estipulou multa diária de R$10 mil ao prefeito em caso de descumprimento.

O decreto, de 22 de julho, autorizava escolas particulares a reabrirem, de forma voluntária, para turmas do 4º, 5º, 8º e 9º anos. A autorização valia desde 1º de agosto, e, nesta semana, sete escolas já haviam reaberto, seguindo o protocolo de segurança, como distanciamento de mesas e aferição de temperatura na entrada.

A decisão pode gerar uma onda de demissões nas creches a partir da semana que vem. A expectativa era que a reabertura dos estabelecimentos de educação infantil fosse autorizada na fase 6 do plano de retomada do município, previsto para dia 16. De acordo com a presidente da Associação Brasileira de Educação Infantil (Asbrei), Celia Moreno Maia, as creches particulares já perderam, em média, 50% dos alunos durante a pandemia e a expectativa é que 70% das 1.856 unidades não voltem a abrir as portas após a pandemia.

“Já estávamos sem fôlego. Essa determinação da Justiça foi a pá de cal nas nossas decisões em relação à manutenção dos empregos. As escolas já perderam metade dos alunos, e os que ficaram têm desconto. É insustentável. Além das perdas, nós vínhamos fazendo um esforço imenso para nos adaptar às regras de ouro, o que requer investimento. Agora, muitas escolas chegaram ao seu limite”, diz a presidente da associação.

Diretor do Jardim de Infância Patinho Sabido, que funciona há 51 anos no Irajá, Tiago Sampaio diz que o vaivém de decisões sobre a retomada dificulta o planejamento dos estabelecimentos:

“Se não bastasse a pandemia, essa confusão entre as autoridades deixa a gente ainda mais perdido. A escola investe em higienização, compra totem, manda fazer máscaras, começa a treinar os funcionários e, de uma hora para outra, decidem postergar a reabertura”.

‘Puxadinhos’ na educação

Muitos pais que trabalham recorrem a espaços informais de atendimento para crianças. Um deles fica no Largo do Machado e se apresenta como “hotelzinho” com recreação infantil e opções de valores: R$ 30 (1 hora), R$ 200 (diária), R$ 950 (mensalidade de meio período) e R$ 1.800 (horário integral).

“São espaços que não são legalizados, um puxadinho no ensino. Enquanto para abrir uma escola a gente tem que passar por uma série de exigências”, diz Celia.

Vaivém na Justiça

Na segunda-feira (03), a desembargadora Tereza Cristina Sobral Bittencourt Sampaio havia negado liminar na ação do Ministério Público do Rio e da Defensoria Pública por entender que a prefeitura havia adotado protocolos e regras para autorizar a volta às aulas. Mas o desembargador Peterson Barroso Simão afirmou que “a gravidade do cenário adverso à população” o levou a reexaminar o recurso.

O desembargador destacou que ainda não há recomendação por autoridade médica ou sanitária em favor a volta das aulas e lembrou que o “isolamento social, segundo a ciência, é a forma mais eficaz de combate à pandemia, visto que ainda não há vacina”. Simão anexou relatório do dia 20 de julho da Fiocruz, que desaconselha o retorno das aulas, e mencionou a adoção do ensino remoto em várias unidades.

Na sentença, Simão afirmou que “é fácil constatar que não estamos preparados para combater e vencer este super vírus” e que o decreto poderia “prejudicar e colocar em perigo a vida e a saúde da população”.

Embora a prefeitura tivesse autorizado o retorno dos alunos de 4º, 5º, 8º e 9º anos do ensino fundamental, o governo do estado prorrogou a restrição de funcionamento das escolas, inclusive da rede privada, até o dia 20.

No decreto publicado ontem, o governador Wilson Witzel destaca que a decisão tem como objetivo “resguardar o interesse da coletividade na prevenção do contágio e no combate da propagação da Covid-19, diante de mortes já confirmadas”.

Prefeitura diz que escolas decidem

Após a decisão da Justiça, a prefeitura divulgou nota afirmando que “as escolas privadas que decidem se voltam ou não às aulas”. Mais cedo, Crivella foi questionado sobre o assunto e disse que consultaria a Procuradoria-Geral do Município. E às 15h30, o município divulgou a resposta, afirmando que não determinou a retomada de aulas em escolas particulares. “A prefeitura reafirma que não regula a volta das aulas nas escolas da rede privada. A autorização, conforme o prefeito Marcelo Crivella já explicou em coletivas para a imprensa, é somente no campo da Vigilância Sanitária, que concede autorização para o retorno. As escolas privadas que decidem se voltam ou não às aulas”, diz o texto.

Confusão aumenta

A nota aumentou a confusão em torno da retomada das aulas presenciais na rede privada. Diretor do Colégio Camões Pinochio, em Jacarepaguá, que retomou as aulas segunda-feira, Luciano Nogueira escola aguarda orientação do sindicato.

— Se existe uma decisão judicial, vamos respeitar. Nosso objetivo é atender bem os nossos alunos, seja de forma presencial ou virtual. Estamos em contato com o sindicato e aguardando novas orientações — diz.

Diretor do Sinepe, sindicato de escolas particulares do Rio, Frederico Venturini afirma que a rede privada estão prontas para retomar as atividades presenciais e aguardam apenas o aval das autoridades.

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