Professora adota meditação nas aulas e auxilia no controle emocional dos alunos

Ao identificar que os alunos estavam emocionalmente desestabilizados por conta da pressão e estresse da rotina escolar, a professora de química, Janaína Silva, da Escola Técnica Estadual Governador Eduardo Campos, de São Lourenço da Mata, Pernambuco, integrou em suas aulas, práticas de meditação e respiração.

O resultado foi tão positivo e nítido no comportamento e cotidiano de seus alunos, que ficamos curiosos em saber mais sobre a iniciativa que tem transformado a saúde emocional de jovens com idades entre 14 e 18 anos.

Conversamos com a Janaína e ela explicou que a escola, por oferecer duas modalidades de técnico, os alunos estudam em regime integral. A demanda de disciplinas é grande, e eles enfrentam diariamente uma maratona de estudo pesada.

“Comecei a observar que eles ficavam emocionalmente muito abalados, principalmente nas semanas de prova. Eles apresentavam características que muitas vezes migravam para doenças psicossomáticas como crises de ansiedade, estresse e até casos de automutilação”, contou Janaína ao Razões.

Janaína tem formação em coaching e trabalha com autoconhecimento. Ver os alunos nesse estado a incomodava muito. Então, ela começou fazer sessões de meditação e respiração de 15 minutos no final de suas aulas, e percebeu que isso estava surtindo efeitos positivos na concentração e aprendizagem dos estudantes.

“Conversei com a direção sobre a possibilidade de criar uma sala meditativa, um espaço para que pudéssemos trabalhar com eles várias terapias integrativas e auxiliá-los nas questões de autoconhecimento, autor responsabilidade e no gerenciamento das emoções, e eles toparam.”

Espaço reservado

Uma das salas da escola foi disponibilizada para ser transformada na ‘sala meditativa’.  Duas turmas do segundo ano auxiliaram a professora na decoração do espaço. “Colocamos mandalas, estrelas e anjos no teto, tudo muito místico, trabalhando sempre essa questão dos arquétipos, tudo voltado para o bem-estar”, disse ela.

Uma vez na semana, essas duas turmas frequentam o espaço. Em setembro do ano passado, a sala foi inaugurada e recebeu o nome de ‘Sala Meditativa Professor Nadilson José’, em homenagem a um amigo de Janaína, também professor.

“Fazemos todas as práticas que são de meditação guiada, respiração, relaxamento, sempre convido profissionais para trabalharem com eles outras práticas como o ho’ oponopono, entre outros”, contou.

Ela explicou também que os alunos são ensinados a se conectarem com o presente, a gerenciarem suas emoções e ressignificar crenças limitantes.

Resultados

“Isso tem sido essencial para o crescimento e autocontrole deles. Eles estão sempre abertos a aprender mais práticas, mas sempre de acordo com a necessidade deles. Durante a semana consigo captar os pontos críticos e trabalhamos eles”, explicou.

Os estudantes aprenderam a fazer o uso dessas técnicas para serem aplicadas diante de suas necessidades do dia a dia.

“O retorno deles é o melhor, eu tenho muitos textos escritos por eles de validação, contando como conseguiram crescer emocionalmente. Tínhamos até casos de meninas que se automutilavam, viviam de casaco para esconder suas marcas, hoje, estão melhores e procuraram ajuda de um profissional.”

Grade curricular

A professora enfatizou também que a escola tem a consciência de que as práticas de coaching não substituem um profissional de psicologia.

“Acredito que esse tipo de aula deveria ser integrada na grade curricular de todas as escolas, é essencial saber quem somos e porque estamos aqui e saber desenvolver as minhas habilidades e potencialidades com excelência e prazer”, disse.

A professora afirma que acredita muito que a educação precisa desse tipo de ajuda e que o sonho dela é que esse projeto ganhe voz e possa ser disseminado nas escolas do país!

“Já existe a disciplina Projeto de Vida nas escolas, que é uma nova proposta para o ensino médio e esse ano ela entrou em vigor, pelo menos nas escolas técnicas, então, acredito que há uma preocupação com isso e estamos caminhando para o fortalecimento desse tipo de trabalho”, conclui Janaína.