Por mais difícil que sejam alguns dias na sala de aula, eles passam e tudo se ajeita

Alguns dias em sala de aula são difíceis,mas tudo passa e se ajeita:

“Cresci ouvindo a frase célebre: para ser alguém na vida, você precisa estudar. Minha família, mesmo sendo humilde, sempre dizia que o conhecimento não ocupava espaço. Comecei os estudos em uma comunidade rural em São Mateus do Sul, no Paraná, onde meus pais, que trabalham na roça, moram até hoje. Minha experiência lá não foi muito boa, pois o professor precisava dar aula para quatro turmas na mesma sala, sem infraestrutura, e fazia tudo sozinho. Só no 4º ano eu passei a estudar em outra escola, na zona urbana.

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Quando eu estava no Ensino Médio, passamos por momentos difíceis na família: minha mãe teve uma depressão profunda e minha avó ficou doente. Os professores e a diretora do colégio me deram muito apoio. E esses momentos, mesmo quando se tratava apenas de uma palavra de carinho, foram importantes para minha vida e despertaram em mim um encanto pela carreira docente, por esse cuidado e por ensinar.

Alguns dias em sala de aula são difíceis, mas tudo passa e se ajeita

Minha ligação com a família é muito forte e eu ajudava muito em casa, cuidando da minha avó. E senti muito quando saí para estudar para cursar Pedagogia na Faculdade Educacional da Lapa (FAEL), na cidade paranaense da Lapa. Era longe e eu só voltava para casa em feriados. Morei em um pensionato com outras moças e trabalhava para me sustentar. Vendo minha necessidade, os professores da faculdade conseguiram me encaixar em um estágio já no final do 1º ano. Desde então, meu encanto pela profissão só cresceu. Passei por várias turmas, do berçário até o Ensino Médio e reforço no contraturno. Enquanto isso, minha irmã tinha ido estudar em Joinville, em Santa Catarina. A cidade tinha uma boa rede de ensino e decidi prestar concurso. Assim que me formei, nem tinha saído o diploma, recebi a notícia de que eu tinha passado.

Desde então, trabalhei em Centros de Educação Infantil (CEI). Às vezes não é fácil, falta alguém, as crianças estão doentes, o CEI está conturbado, você não sabe por onde começar. Mas nunca pensei em desistir da carreira. Por mais difícil que seja um dia, ele passa e tudo se ajeita. Minha maior alegria é ver a satisfação das famílias, sabendo que suas crianças estão aprendendo e estão bem. Quero fazer a diferença na vida delas, que se sintam amadas e que eu consiga oferecer todos os estímulos que precisam para se desenvolver. Tento dar o máximo dentro da sala de aula, as crianças precisam disso e o mundo precisa delas. Sempre penso que esse bebê, que está aqui com a gente hoje, poderá ser um excelente médico, um presidente ou outro profissional que pode fazer a diferença no mundo. É preciso acreditar que o professor tem nas mãos um poder de transformação. Por isso eu tento aproveitar ao máximo as formações, sugar até a última vírgula, pois sempre tem o que aprender.

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O contato com outros educadores em São Paulo, no Prêmio Educador Nota 10, me deu uma injeção de ânimo extra. Você sai inspirado, animado, querendo saber mais, ler mais, transformar o mundo. É incrível como você se sente valorizado. Em seguida, já recebi um convite para ser coordenadora em outro CEI de Joinville. Vir para uma cidade grande e assumir uma turma na Educação Infantil eram desafios enormes para mim, mas sempre acreditei que algo me guiou até aqui. Sinto que fui escolhida para essa profissão, e sempre consegui me capacitar, colocar todo o meu esforço e seguir em frente. Olhando para tudo o que passei para chegar onde estou, eu percebo que quando se tem um objetivo maior, as dificuldades pelo caminho se tornam pequenas.”

Marilei Roseli Chableski, professora do CEI Adhemar Garcia, em Joinville (SC), e Educadora Nota 10 de 2016.
Depoimento a Maggi Krause

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Por: Marilei Chableski

Fonte: Nova Escola