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Fases da alfabetização da criança

Foto: Claudia Marianno
No processo de aquisição da leitura e escrita, a criança passa por quatro fases ou níveis:

Fases da alfabetização da criança

Fase Pré-Silábica

A fase pré-silábica é dividida em três níveis ou momentos:

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Pictórica

A criança registra garatujas, desenhos sem figuração e, mais tarde, desenhos com figuração. Normalmente, a criança que vive em um ambiente urbano, com estimulação linguística e disponibilidade de material gráfico (papel e lápis) começa a rabiscar e experimentar símbolos muito cedo (por volta dos dois anos). Muitas vezes, ela já usa a linearidade, mostrando uma consciência sobre as características da escrita.

Grafismo Primitivo

A criança registra símbolos e pseudoletras, misturadas com letras e números. Já demonstra linearidade e utiliza o que conhece do meio ambiente para escrever (bolinhas, riscos, pedaços de letras). Nesse momento, há um questionamento sobre os sinais escritos. Ela pergunta muito ao adulto sobre a representação que vê em sua comunidade.

Pré-Silábica Propriamente Dita

Nessa fase, a criança começa a distinguir letras de números, desenhos ou símbolos e reconhece o papel das letras na escrita. Percebe que as letras servem para escrever, mas não sabe como isso ocorre.

Fase Silábica

Quando a criança chega ao nível silábico, sente-se confiante porque descobre que pode escrever com lógica. Ela conta os “pedaços sonoros”, isto é, as sílabas, e coloca um símbolo (letras) para cada pedaço (sílaba). Essa noção de que cada silaba corresponde a uma letra pode acontecer com ou sem valor sonoro convencional.
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Fase Silábica Alfabética

Nesse nível, a criança está a um passo da escrita alfabética. Ao professor cabe o trabalho de refletir com ela sobre o sistema linguístico a partir da observação da escrita alfabética e da reconstrução do código.
É o momento em que o valor sonoro torna-se imperioso e a criança começa a acrescentar letras principalmente na primeira sílaba.
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Fase Alfabética

Quando a criança reconstrói o sistema linguístico e compreende a sua organização, ela transpõe a porta do mundo e das coisas escritas, conseguindo ler e expressar graficamente o que pensa ou fala.
Nesse momento, a criança escreve foneticamente (faz a relação entre som e letra), mas não ortograficamente. O desafio agora é caminhar em direção à convencionalidade, em direção à correção ortográfica e gramatical.
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O texto abaixo está fundamentado no livro: 
A Psicogênese da Língua Escrita, 
de Emilia Ferreiro e Ana Teberosky.

ANÁLISE DA PSICOGÊNESE DA LINGUA ESCRITA- EMÍLIA FERREIRO E ANA TABEROSKY

Emília Ferreiro se tornou uma espécie de referência para o ensino brasileiro, e seu nome passou a ser ligado ao construtivismo, campo de estudo inaugurado pelas descobertas a que chegou o biólogo suíço Jean Piaget (1896-1980) na investigação dos processos de aquisição e elaboração de conhecimento pela criança – ou seja, de que modo ela aprende. As pesquisas de Emília Ferreiro, que estudou e trabalhou com Piaget, concentram o foco nos mecanismos cognitivos relacionados á leitura e á escrita.
De acordo com as teorias de Emília Ferreiro, a leitura e escrita estabelece uma relação entre a evolução da escrita e a proposta, onde o carácter de suas investigações é psicológico e não pedagógico. O seu enfoque é a explicação de como se aprende a ler e escrever, e não é a criação de um método de alfabetização, tarefa especifica do educador. No seu ponto de vista a criança, quando chega a escola, já possui um notável conhecimento de sua língua materna. Vive no mundo de escrita e pensa sobre o processo da escrita. O Processo de aquisição da linguagem escrita precede e excede os limites escolares. Portanto a evolução das concepções dos alunos sobre a escrita trata – se da construção e não da qualidade do grafismo, nesta fase as ideias são representadas por desenhos. Os estudos psicogenéticos da aquisição da leitura e escrita realizada por Emília Ferreiro desafiam ainda repensar os princípios pedagógicos e a rever as concepções de conhecimentos ensinos e aprendizagem. Tendo assim uma proposta de inovação na alfabetização. Esses estudos podem ajudar a compreender melhor os níveis do conhecimento da escrita e leitura do sujeito não escolarizado, ou não alfabetizados e ampliar os recursos metodológicos que os ajudem a avançar no processo de construção do sistema escrito, superando os conflitos cognitivos próprios das hipóteses criadas em cada um desses níveis. O conhecimento que o sujeito tem da leitura e da escrita não equivale ao conhecimento convencional, pois possuem hipóteses originais não ensinadas pelos adultos ou professores. O sujeito procura ativamente compreender a natureza da escrita á sua volta e também aprende através de suas ações afetivas e mentais sobre o sujeito escrita, ou seja, o aluno evolui construindo e reformando suas hipóteses.
 A autora afirma que a aprendizagem não é um processo meramente perceptivo, mas construtivo, e aprender não é apenas adquirir hábitos, é transformar o que vai conhecer. E que o aluno tem a sua maneira própria de aprender, como também constrói o seu próprio conhecimento. E é na escola que frequenta normalmente que as crianças passam pelos estágios propostos por Emília Ferreiro, é nesse período que a criança começa estabelecer vinculações entre a pronuncia e a escrita, o que representa um passo extremamente significativo no processo de alfabetização. Porém, essa vinculação é de imediato adequado. Ela passa por etapas que constituem os níveis silábicos e alfabéticos, até alcançar o ortográfico, isto é, quando a criança compreende que as diferenças das representações escritas se relacionam com as diferenças na parte sonora das palavras que permanecem, a questão de descobrir que espécies de recorte da palavra pronunciada são o que correspondem aos elementos da palavra escrita. A escrita na representação baseia-se em uma construção mental que cria suas próprias regras, escrever não é transformar o que se ouve em gráficos, assim como ler não equivale a produzir com a boca o que o olho reconhece visualmente, segundo Emília Ferreiro; o sistema de escrita tem uma estrutura lógica, no caso do sistema alfabético a criança deve compreender entre outras coisas. A escrita (grafema) e o som pronunciado (fonema) que não a nenhuma relação entre a forma da palavra escrita e as características físicas do elemento da realidade nomeada por ela, que palavras com o mesmo significado não são escritas da mesma forma, que elementos essenciais da oralidade, como a entonação, não são registrados na escrita. Esse conjunto de relação não é simplesmente aprendido pela criança, mas construindo é reinventando por ela.
Nas relações que mantém com a escrita no ambiente que vive, a criança elabora e testa hipótese a cerca da lógica do seu funcionamento. Ela assimila a escrita interpretando-a de acordo com os conhecimentos e modos de pensar que já desenvolveu e organizou no decorrer de sua experiência de vida, produzindo, escritas e leituras não compatíveis com a escrita convencional.
A criança não faz uma diferenciação entre o sistema de representação do desenho (pictográfico) e o sistema de representação escrita (alfabética) supondo que embora as formas insignificantes sejam diferentes, o significado de ambos é o mesmo, a primeira indicação explicita da distinção entre imagem e texto, consiste em eliminar os artigos, quando se faz referência á imagem (desenho).
Exemplificando: o elefante deve escrever com mais letras do que um mosquito, é uma concepção realística da palavra, ou seja, a de que coisas grandes tem nomes grandes e coisas pequenas tem nomes pequenos, também o seu pensamento pode evoluir quando suas escritas não são decodificadas como o esperado por pessoas que sabem ler. No qual o sistema da escrita é uma construção social e histórica. Por isso o sistema de codificação esta ultrapassada já que existem sons, por exemplo, que jamais serão escritas; assim como há letras que jamais serão pronunciadas.
Para as autoras, todas as crianças independentes de sua nacionalidade, passam em seu processo de construção da escrita pelas mesmas etapas que o homem passou quando “descobriu” a escrita. De uma forma geral, refazem a mesma trajetória que a humanidade percorreu no surgimento da escrita, ou seja, passam pela fase correspondente á escrita pictográfica (forma mais antiga, usada pelo homem para representar só os objetos que podiam ser desenhado ), á escrita Ideográfica ( consistia no uso de um sinal ou marca para representar uma palavra ou conceito ) e escrita Logográfica ( constituída de desenhos, referente ao nome e dos objetos- som- e não ao objeto em si).
Segundo FERREIRO (2001a), a psicogênese realiza um processo de recontar a escrita, pois propõe que seja desconsiderada a concepção prévia que o adulto tem sobre a escrita, uma vez que as hipóteses parecem ser óbvias e naturais para o um adulto alfabetizado por método apresentado das partes para o todo, assim não são para as crianças. Portanto, essa é a única forma para o adulto e mais especialmente, o professor possa compreender como ocorre o processo de construção da escrita pela criança e, consequentemente, mude de as posturas tradicionais de ensino, gerando práticas de alfabetização democrática. É de suma importância a mudança nessa concepção sobre a escrita para que se entenda que a alfabetização acontece em um trabalho conceitual.
A escrita foi transformada pela escola de objeto social em objeto escolar, pois se considera proprietária desse objeto de grande importância social. Com isso, a escrita foi reduzida a um instrumento para evoluir na escola, para passar de ano. Essa posição precisa ser repensada, pois a escrita só é importante na escola por ser fora dela. Sendo que no passado os educadores achavam que só aprendia a ler memorizando letras, sons e palavras tornando a aprendizagem da escrita como algo perceptivelmente mecânico. A escrita era percebida como transcrição gráfica da linguagem oral (codificação), e enquanto que a leitura, como associação de respostas sonoras a estímulos gráficos, transformação da escrita em som (decodificação).
O grande problema da teoria empirista foi esse, pois consideravam que os alunos chegam á escola todos iguais e ignorantes, no que se refere á escrita, e que bastaria ensinar as letras que correspondem aos seguimentos sonoros para que eles compreendessem o modo de funcionamento do sistema alfabético, ou seja, a escola não permitia ao aluno conviver com a linguagem escrita, não era realizada leitura de textos diversos gêneros e nem criava situações para que o aluno pudesse refletir sobre como funcionava a escrita alfabética. Não havia uma reflexão sobre as palavras. Com isso o aluno poderia compreender que as letras registram os sons falados, razão pela qual, para aprender, bastaria repetir em doses homeopáticas as tarefas não reflexivas impostas pelo “método”. Sendo assim, chegamos a conclusão que nosso sistema alfabético não tem relação perfeita entre a letra e o som.
Ferreiro e Teberosky (1999) destacaram-se dentre todas as hipóteses de construção externadas pelas crianças, quatro hipóteses fundamentais para compreensão de como as crianças adquirem a linguagem de níveis de concepção da  escrita. São elas:
Níveis pré-silábico (Não há correspondência som-grafia). A distinção básica entre desenhar (modo de representação ligado ás características físicas e as formas dos objetos) e escrever vai sendo construída pela criança, tanto nas situações da escrita quando nas situações de leitura. Ela traça linhas onduladas ou em ziguezague. Essas marcas não têm relação com o registro sonoro da palavra e não se diferencia entre si somente a própria criança consegue interpretá-las e o faz de modo instável.
Nível silábico- É a descoberta da relação som-grafia. Não é mais apenas a letra inicial que tem valor sonoro, mas a palavra toda. A escrita representa aos sons da fala. É está ligada a linguagem enquanto pauta sonora, com propriedades específicas, diferentes do objetivo referido. A quantidade de letras necessárias dentro de uma palavra é levada em consideração. A hipótese básica do nível silábico é a correspondência de cada sílaba oral com um sinal gráfico.
Nível silábico-alfabético – A partir do momento em que as crianças a prestar atenção às propriedades sonoras das palavras um novo tipo de hipótese começa a ser construído. Elas passam a estabelecer correspondência entre partes da palavra falada e partes da palavra escrita. De acordo com ela, cada marca ou letra corresponde ao registro de uma silaba oral. A criança escreve fazendo corresponder  a quantidade de sinais gráficos e de silabas da palavra falada.
Nível alfabético – Este nível marca a final da evolução. A criança já franqueou a barreira do código: compreendeu que cada um dos caracteres da escrita corresponde a valores sonoros menores do que a silaba e realiza sistematicamente uma análise sonora dos fonemas nas palavras que vai escrever. Isto não quer dizer que todas as dificuldades tenham sido superadas, a partir deste momento, a criança se defrontará com as dificuldades próprias da ortografia, mas terá, mas não terá mais problemas de escrita, no sentido restrito.
 A psicogênese da língua escrita possibilita não só um novo pensar sobre o ato de alfabetizar, como também sobre o processo de construção do conhecimento do individuo, enquanto ser pensante e critico dotadas de capacidades inatas e adquiridas. Portanto, para aprender a escrever o aluno deverá ter muitas oportunidades em fazê-lo, mesmo não sabendo grafar corretamente as palavras, E quanto mais fácil será para assimilar o funcionamento da escrita.
É necessário dar á criança oportunidade de escrever, principalmente quando ela ainda não sabe, pois permitirá que conforme hipóteses sobre a escrita, que pense como ela se organiza e para que serve.
Excelente blog da professora Valéria
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