Educar na era do aprendizado contínuo é desafio para as escolas e professores

Educar na era do aprendizado contínuo é desafio para as escolas e professores
Educar na era do aprendizado contínuo é desafio para as escolas e professores
A sociedade mudou, e as crianças também. Plugada na tecnologia, a nova geração está mais ativa, rápida e informada. Mas o que aconteceu com a escola e o processo educacional nesse processo de mudanças? As opiniões são divididas. Há quem diga que ainda há uma grande gama de profissionais que não consegue acompanhar as mudanças provocadas principalmente pelas novas tecnologias e são “engolidos” pela “geração digital”. Outros afirmam que o Brasil, nos últimos 30 anos, começou a sair da indigência na área da educação escolar e que o futuro é promissor.

É o caso do filósofo e professor Mário Sérgio Cortella, que se diz otimista com o futuro e afirma que o Brasil conseguiu avançar na direção de ser a pátria educadora. “Evidentemente, isso não nos acalma. Apenas traz a certeza de que é possível fazê-lo.”

Cortella lista três grandes problemas, quando o assunto é educação: a democratização não só do acesso, mas também da permanência na escola; a necessidade de uma nova qualidade de ensino, com uma estrutura mais voltada para o século 21; e a necessidade de atualização com formação mais continuada da parte docente.

Mas há luz no fim do túnel? Mario Sergio Cortella diz que não existe um único caminho para resolver os problemas de educação. “Hoje, há sérias lacunas, tanto no ensino público quanto no privado. De maneira geral, a Educação brasileira ainda é muito ostentatória, muito mais apoiada na informação do que no conhecimento. Informação é cumulativa, conhecimento é seletivo.”

O filósofo diz que apesar  dos avanços nos últimos anos, é preciso investir mais em Educação. “Tivemos um avanço na democratização do acesso de crianças de 7 a 14 anos no Ensino Fundamental. O número de jovens e adultos analfabetos diminuiu, mas continua alto. A comunidade passou a se envolver mais com os trabalhos educacionais, em função da formação de conselhos de escolas, colegiados e conselhos municipais de Educação. Também foram estruturadas formas de avaliação e de planejamento que não tínhamos antes. Isso não nos coloca em mundo triunfalista, mas também não é catastrófico. Estamos no caminho certo”, afirma. “Mas, repetindo Churchill, estamos no fim do começo. Não no começo do fim.”

E para discutir os caminhos da Educação, o JC inicia hoje, com este SER Especial e a matéria de capa do Economia, que aborda o Programa Aprendizagem como facilitador do primeiro emprego, a série “Educação e Vocação”. De hoje ao próximo dia 22, você vai encontrar entrevistas com especialistas sobre o tema e vai tirar dúvidas sobre processo de aprendizagem, vocação e outros temas que afligem pais e educadores. Boa leitura!

Educação no divã

Éder Azevedo/JC Imagens
Paulo Cesar Razuk: “A educação é o caminho para você se conhecer, conhecer o mundo e conhecer o outro”
Nas últimas semanas, estudantes e professores de todo o País se mobilizaram contra a Medida Provisória (MP) 746/2016, que pretende instituir a reforma educacional no ensino médio. A discussão serviu para ampliar o debate sobre um tema de extrema importância: a educação.

Professor aposentado do Departamento de Engenharia Mecânica da Unesp de Bauru, Paulo Cesar Razuk acredita que a educação seja a base tudo. “A educação é o caminho para você se conhecer, para você conhecer o mundo e para você conhecer o outro”, argumenta.

Para Razuk defende, a reforma educacional no ensino médio flexibiliza a estrutura curricular, ponto que ele qualifica como positivo. “Por outro lado, exige dos nossos alunos secundaristas uma definição em relação ao seu futuro. Será que eles estão preparados para enfrentar um desafio como esse? E as nossas escolas? Estão preparadas? Eu creio que não”, pontua.

O que deve mudar, segundo o professor, é a forma de ministrar o conhecimento. “Você não pode ficar com muitos detalhes em sala de aula. Os alunos devem ter recursos para correr atrás do saber, porque eles vão precisar disso pelo resto de suas vidas, afinal, a produção de conhecimento está cada vez mais acelerada. O professor, na verdade, passa a ser um auxiliar”, explica.
Incentivos
Maria Lúcia Ranieri Previdello, diretora do Liceu Noroeste, diz que a Educação atualmente deixa muito a desejar, principalmente a pública. “Os professores são bons na rede pública, mas o esquema a que são submetidos faz com que não tenham o desempenho necessário”, diz “Também vimos nos últimos 10, 20 anos os governos se preocuparem com o ensino superior, dando incentivos e ferramentas, enquanto não tivemos nada disso para os ensinos fundamental e médio. Por isso, é necessário mais incentivo à educação fundamental e média”, emenda.
Samantha Ciuffa
Chiara Ranieri, diretora acadêmica da FIB
Dever de casa
Chiara Ranieri, diretora acadêmica da FIB, afirma que temos muito ainda a aprender e a crescer em todos os níveis da Educação, do ensino infantil ao superior. “Não podemos deixar de lembrar também da necessidade de se investir em pesquisa no ensino superior repassando recursos ao setor. Mas o grande desafio, que é urgente, é que temos os instrumentos estabelecidos, os planos educacionais nas esferas nacional, estadual e municipal, que precisam ser aplicados, respeitando suas metas e prazos. Temos de fazer este dever de casa, o que já seria um passo gigantesco para a evolução do ensino nacional.”
Fonte: http://www.jcnet.com.br/ Escrito por: Cinthia Milanez