Dia de festa também é dia de aprender

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Dia de festa também é dia de aprender

Na hora de planejar os eventos que fazem parte do calendário escolar, é preciso considerar o que tem significado para os alunos e o que eles aprendem com isso

Por: Cristiane Marangon – Nova Escola
Festas nas escolas são oportunidades para fortalecer o contato da escola com os familiares dos alunos e com a comunidade. Durante os preparativos, pais montam barracas, professores cuidam dos cartazes, mães se encarregam das comidas e crianças e adolescentes preparam apresentações para os convidados. Cada um se compromete com uma tarefa para que tudo aconteça na mais perfeita ordem. O problema é quando, depois de tanta trabalheira, ninguém sabe ao certo de que valeu o esforço. 

Esse é o sentimento que fica quando o evento não tem relação com os conteúdos escolares e o cotidiano da sala de aula. Isso vale para qualquer data do calendário escolar: Dia do Índio, o 7 de Setembro, Dia do Folclore… “É fundamental a escola organizar celebrações, desde que fiquem claros os valores e os conteúdos trabalhados”, afirma Raquel Volpato Serbino, diretora da GAL Consultoria em Educação, em Botucatu (SP). Os festejos escolares são, portanto, mais uma forma de fortalecer o aprendizado.
Não basta, contudo, escolher algumas datas e preparar a festa. Para que ela ganhe função educativa, a equipe necessita escolher os momentos mais significativos para a comunidade e destacá-los durante a elaboração da proposta pedagógica. Raquel ressalta a importância do professor nessa definição: “É na sala de aula que a relação entre o conteúdo e a comemoração fica clara para os alunos”. 

Sintonia entre o currículo e as datas destacadas 

Se o Dia do Índio, por exemplo, foi uma das datas escolhidas, ela pode ser celebrada com a apresentação dos estudos realizados durante as aulas de História sobre comunidades indígenas. Outras opções são fazer um painel sobre demarcação de terras ? tema de Geografia ? ou uma exposição sobre as pinturas e as cerâmicas produzidas pelos índios, estudadas em Artes. 
Logo no começo do ano, a Escola Municipal de Ensino Fundamental Professora Dalva Barbosa Lima Janson, em Taboão da Serra (SP), reúne funcionários, docentes e membros do conselho escolar para definir as atividades extracurriculares que serão produzidas pelos estudantes. O programa é apresentado aos pais para que eles também dêem suas sugestões. “Durante os festejos, não desviamos o foco do que está sendo estudado em sala de aula”, afirma a diretora Claudia Fernandes da Silva. 

Momento de celebrar a cultura e as origens 

A decoração da festa junina da escola neste ano foi inspirada nas obras de Alfredo Volpi (1896-1988). Os alunos estudaram a vida e a obra do artista em junho e prepararam releituras com base nas famosas bandeirinhas, uma das marcas do pintor. Na data agendada, eles expuseram as suas produções. 
Logo depois das férias de julho, a professora Silvia Pelizaru Rezende começou a preparar o festejo do Dia do Folclore com seus alunos da 1ª série. A garotada já sabia de cor diversas parlendas e trava-línguas. “Esses recursos são muito importantes durante a alfabetização e eram trabalhados desde o início do ano”, explica Silvia. Ela e as crianças confeccionaram personagens do folclore com sucata e produziram um livro coletivo, com textos e ilustrações baseados em lendas. Em 21 de agosto, um sábado, a escola foi aberta para a comunidade apreciar as produções. 
Outros temas vistos em classe já foram incorporados ao são João. Durante o primeiro semestre de 2003, Minas Gerais foi tema central das aulas. Na festa junina, os convidados se deliciaram com os quitutes da cozinha mineira oferecidos pelas barracas e os alunos dançaram a catira, típica do estado. 
Como parte das crianças e jovens atendidos pela escola é de ascendência negra, a programação deste ano destaca ainda o Dia Nacional da Consciência Negra, em 20 de novembro. Para a comemoração, está sendo preparada uma apresentação que une música e teatro. “A idéia é contar a trajetória dos africanos e seus descendentes no Brasil com base nos estudos realizados durante as aulas de História”, conta a coordenadora Divina Donizeti Martins Pacheco. 

Bom senso na hora de definir os festejos 

Festejar é sempre bom, mas é preciso ter cuidado com o exagero. É comum, hoje, encontrar equipes envolvidas o tempo todo com festividades voltadas à comunidade. Basta que apareça um tema de interesse para começar um corre-corre para organizar grandiosas apresentações. “Professores e gestores não podem passar o ano sempre preocupados com os preparativos da próxima festa”, alerta Raquel Serbino. Além de cansativo, esse trabalho acaba afastando os educadores de sua principal função, que é ensinar os conteúdos escolares. Para não errar, não fuja do planejamento feito no início do ano, sempre considerando o que é verdadeiramente significativo para a comunidade.

Mostra de trabalhos em vez de grandes festas 

A Escola Projeto Vida, em São Paulo, segue uma proposta diferente no que se refere a festividades. O são João é a única comemoração tradicional que faz parte do calendário escolar. No entanto, outros dois eventos têm importância no ano letivo: a Mostra Cultural e a Feira de Ciências. “A integração com os pais e a comunidade acontece também nesses momentos, em que compartilhamos o trabalho realizado em classe”, diz a diretora Mônica Capuzzo Padroni. 
Datas tradicionais, como o Dia das Mães ou o dos Pais, ficam de fora. “Não entendemos essas ocasiões como parte do currículo pedagógico”, justifica Mônica. Nem por isso as datas passam em branco: a garotada pesquisa a origem da comemoração e prepara uma pequena lembrança, que é entregue em casa.

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