Bons leitores, bons escritores

Bons leitores, bons escritores
Nathalya e um trecho do texto premiado na Olimpíada de Língua Portuguesa – Fonte:NOVAESCOLA
A produção da página seguinte é um trecho de Cores, Aromas e Sabores de Infância, de Nathalya Cristina Trevisanutto, 13 anos. Aluna do 8º ano do CEEFM Doutor Duílio T. Beltrão, em Tamboara, a 503 quilômetros de Curitiba, ela foi uma das vencedoras, em 2012, da Olimpíada de Língua Portuguesa, na categoria memórias literárias, ao contar lembranças de sua professora. Todos podem ter um desempenho como o de Nathalya. Para isso, o professor de Língua Portuguesa deve garantir que entendam e produzam textos cada vez mais complexos desde a alfabetização inicial até o 9º ano. 
Isso implica uma série de competências. Na hora da leitura, os alunos precisam ser capazes de tomar uma posição frente ao que leem, perceber não só o que está explícito, mas o que está subentendido, e compreender as intenções do autor e suas motivações para apresentar a informação de determinado modo. Na hora de redigir, têm de saber definir quem será o destinatário, qual o propósito da escrita e como fazer isso de um jeito eficiente. Aí está incluído definir o gênero mais adequado e seguir as normas e os padrões socialmente aceitos. Infelizmente, poucos conseguem. 
Avaliações que medem as habilidades de leitura, como a Prova Brasil, revelam que há muito a ser feito. Em 2011, 70% dos jovens do 9º ano não alcançaram a nota mínima esperada para essa etapa, segundo o corte estabelecido por organizações ligadas à Educação. O indicador é um sinal de que dificilmente eles são escritores competentes, pois ler bem é condição para uma boa escrita. É preciso “gerar um conjunto de condições didáticas que autorizem e habilitem o aluno a assumir sua responsabilidade como leitor”, defende a pesquisadora argentina Delia Lerner no artigo A Autonomia do Leitor – Uma Análise Didática.
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Como propor os quatro desafios 
Não basta ler só para responder às questões explícitas. Do mesmo modo, não adianta escrever apenas para o professor corrigir. Para inverter essa lógica, ainda presente na escola, uma saída é propor situações didáticas desafiadoras, como ler textos informativos que não têm os alunos como público-alvo e obras literárias de peso, reescrever uma história conhecida e produzir algo autoral. Nesta reportagem, mostramos como elas foram propostas por quatro professoras. 
Desenvolver os comportamentos leitores e escritores leva tempo. Por isso, as quatro atividades devem ser propostas ao longo do Ensino Fundamental por meio de atividades permanentes, sequências e projetos didáticos. Cabe a você sempre adequar o nível de dificuldade delas aos conhecimentos da turma e considerar o que é preciso ensinar naquele momento. 

Ajuda nesse processo manter até o 9º ano práticas como a leitura pelo professor e produções coletivas no quadro ao tratar novos conteúdos curriculares. “Quando isso ocorre, o docente atua como mediador, centrando a atenção da garotada num aspecto discursivo – relacionado à linguagem em uso – ou notacional – como questões ortográficas e gramaticais”, diz Cristiane Tavares, mestre em Literatura e formadora de professores da Associação Crescer Sempre. “Os objetivos da produção individual e da coletiva são diferentes. Elas se complementam.” Por isso, os jovens do 6º ano em diante devem redigir individualmente. “O bom desempenho deles está relacionado à familiaridade com os textos e ao tempo de experiência como leitor e escritor”, enfatiza Helena Weisz, professora de Literatura e Redação e mestre em Teoria Literária e Literatura Comparada. Então, que tal incluir mais experiências de leitura e escrita nas suas aulas?
Fonte: NOVAESCOLA